O RITO DE YORK

Segundo Sebastião Dodel dos Santos, o Rito de York (ou Iorque) ter-se-ia originado em 1743, na Irlanda, conforme um relatório da Loja de Youghal, que menciona o simbolismo do grau do Santo Real Arco. Daí, o outro nome pelo qual ele é conhecido: Rito do Real Arco. O Rito foi levado a Londres em 1777, estabelecendo-as, aí, o Grande Capítulo do Real Arco, posteriormente chamado de Rito dos Antigos Maçons e, mais tarde, Rito de York.

O Rito de York é composto de quatro graus filosóficos: Past Master, Mark Master, Super-Excellent Mason e Holy Royal Arch. Um Mestre Maçom que tenha aderido a um Capítulo de Maçons do Arco Real, recebido os quatro graus desta organização poderá, depois disso, procurar mais conhecimentos na Maçonaria se for admitido num Conselho de Maçons Crípticos. Os Conselhos de Maçons Crípticos formam o corpo central do Rito de York da Maçonaria Livre.

O RITO CRÍPTICO

Nenhum Rito da Maçonaria Livre conseguiu ser tão bem sucedido nos últimos anos como o conjunto de graus conhecidos como o Rito Críptico. O crescimento atingido tem sido importante de tal forma que um em cada dois Maçons do Arco Real é Maçom Críptico. A sua popularidade é bem merecida porque não existem graus mais belos e significativos em toda a Maçonaria Livre do que os conferidos num Conselho de Maçons Crípticos.

A Maçonaria Livre é muito filosófica e ensina os seus ideais através de alegorias ou histórias. Esta filosofia é moralista e religiosa. Contudo, a Maçonaria Livre não é uma religião, ou um seu substituto. Um requisito para ser membro da Maçonaria Livre é a crença declarada em Deus e na vida eterna. É imperativo que o candidato professe pessoalmente uma fé num Ser Supremo antes de tornar-se Maçom Livre. A Maçonaria Livre nunca tenta alterar as crenças de cada um. A Maçonaria Livre não oferece uma teologia ou plano de salvação. Contudo, oferece um plano moral para ser aplicado neste mundo. Deixa ao Maçom a faculdade de tratar da sua salvação na próxima vida através da sua própria religião.

Uma das razões para a popularidade dos Graus Crípticos é porque completam a história da alegoria maçônica. A "Palavra" representa na alegoria maçônica a busca pelo homem de objetivos para a vida e para a natureza de Deus. Simbolicamente, a Maçonaria Livre ensina, na Loja, como a Palavra se perdeu e sobre a esperança da sua recuperação. O Arco Real, no Capítulo, ensina como ela foi redescoberta. A Maçonaria Críptica, no Conselho, completa esta história ensinando como se preserva a Palavra inicial.

ORIGEM DOS GRAUS

Tal como em muitos dos graus maçônicos, as origens dos graus crípticos estão cobertas de mistério.

Há cerca de 200 anos surgiram os graus de Mestre Real e Mestre Escolhido (chamados graus da Preservação) como se surgissem de lado nenhum. Leitores maçons, viajantes através do Leste Estados Unidos, conferiram-nos a outros Maçons, enquanto empenhados na instrução dos obreiros da Loja e dos Companheiros do Capítulo. Até o Supremo Conselho do Rito Escocês incluiu o grau de Mestre Escolhido como um dos seus graus "separados". Mas estes belos graus não permaneceram separados por muito tempo. No Estado de Connecticut, EUA, nasceu o primeiro Grande Conselho em 1819. Na Virginia e na Virginia Ocidental, os graus foram desenvolvidos nos Capítulos do Arco Real, sob cuja autoridade ainda permanecem. Nos anos de 1870 foi criado nos, Estados Unidos, um Grande Conselho Geral. Hoje, este Grande Conselho conta, como associados, com a maioria dos Grandes Capítulos dos Estados Unidos, bem como os da parte ocidental do Canadá e outros Estados fora do Continente americano.

Os "Shriners" (Ancient Order Nobles of the Mystic Shrine) requerem que os seus membros sejam Cavaleiros Templários (Rito de York) ou Maçons do 32º (Rito Escocês). Até há poucos anos atrás, a Maçonaria Críptica não constituía requisito para ser membro dos Shriners ou duma Comenda de Cavaleiros Templários. Contudo, nos anos mais recentes um grande número de Grandes Comendas de Cavaleiros Templários tornaram os graus Crípticos um pré-requisito para as Ordens do Templo. Tornaram-se, assim, conseqüentemente um pré-requisito do Rito de York para o Shrine. Parece existir uma tendência crescente para que esta política seja adotada por um número crescente de Comendas nos próximos anos.

A ABÓBADA E OS MISTÉRIOS

Todos os estudiosos da Bíblia e os arqueólogos conhecem as abóbadas ou crípticas sob o Templo do Rei Salomão. Duvidamos que os Graus Maçônicos tenham sido conferidos naquelas abóbadas. Contudo, tal lenda continua a persistir através da Maçonaria Livre.

O autor maçônico, Albert G. Mackey, escrevendo acerca da abóbada diz: " A Abóbada era, então, nos antigos mistérios símbolo de sepultura; para a iniciação era símbolo de morte, onde só a Divina Verdade pode ser encontrada. A Maçonaria livre adotou a mesma idéia. Ensinam que a morte é apenas o princípio da Vida; que se o primeiro, ou o templo evanescente da nossa vida transitória está à superfície, devemos descer à abóbada secreta da morte antes de encontrarmos a sagrada jazida da Verdade que adorna o nosso segundo Templo da Vida Eterna". Este ensinamento não é invulgar na Maçonaria Livre visto que os requisitos prévios para a iniciação incluem que se professe a crença em Deus e na vida eterna.

O USO DO NOME CRÍPTICO

Os graus do Rito de York são classificados em Simbólicos (Loja de Mestres Maçons). Capitulares (Capítulo de Maçons do Arco Real), Crípticos (Conselho de Maçons Crípticos), e Cavalheirescos (Comenda Templária). O Rito Críptico tem o seu nome derivado da palavra Críptica porque a cena dos graus de Mestre Real e Mestre Escolhido ocorre na Críptica subterrânea sob o Templo do Rei Salomão. A palavra críptica significa escondido, daqui a sua utilização na descrição destes graus. O último grau do Rito Críptico não é críptico porque não cumpre o requisito da cena se desenrolar na abóbada. Deve ser considerado como um grau apêndice do Rito Críptico que não possui conexão quer histórica ou simbólica com os de Mestre Real e Mestre Seleto, como veremos à frente.

No Rito de York podemos distinguir as seguintes partes integrantes: As Lojas Simbólicas (também chamadas de S. João ou azuis, (cor que embeleza os respectivos aventais no Rito de York) que são governadas por Grandes Lojas; os Capítulos que estão subordinados a Grandes Capítulos de Maçons do Arco Real; os Conselhos de Mestres Reais e Seletos, os quais são controlados por Grandes Conselhos de Maçons Crípticos; e as Comendas de Cavaleiros Templários que são governadas por Grandes Comendas.


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Observações do Irm\ Joaquim da Silva Pires, Or\ de São Paulo, SP

(Excertos da revista A Trolha)

Em verdade, "Rito de York" é um sistema norte-americano (que a Maçonaria do Brasil não adota, por enquanto!) e que é dividida em quatro partes, em consonância com persuasivo ensinamento proveniente do "Educational Bureau General Grand Chapter, R. A. M.", de Lexington, Kentucky, Estados Unidos da América, a saber:

Primeira Parte (Lojas Azuis): Aprendiz (nº 1), Companheiro (nº 2) e Mestre (nº 3);

Segunda parte (Capítulos do Real Arco): Mestre de Marca (nº 4), Mestre Passado (nº 5), Mestre Distinto (nº 6) e Maçom do Real Arco (nº 7);

Terceira parte (Conselho de Mestres Reais e Eleitos): Mestre Real (nº 8), Mestre Eleito (nº 9) e Maçom do Real Arco (nº 10);

Quarta parte (Conselho de Cavaleiros Templários): Ordem da Cruz Vermelha (nº 11), Ordem de Malta (nº 12) e Ordem do Templo (nº 13).


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UM GRANDE ERRO

(excerto transmitido ao autor por um Irmão de uma Loja do Ceará)

A descoberta mais recente de um erro fantasticamente grande, mas que todos nós estamos fazendo de conta que não sabemos, foi feita recentemente pelo nosso Irmão Joaquim da Silva Pires. Trata-se do Suposto Rito de York, que é teimosamente omitido pela grande maioria dos nossos autores em seus escritos, e também das nossas autoridades, visto que, por essa descoberta, todas as Constituições, Regulamentos e Rituais que mencionem o nome Rito de York, aqui no Brasil, como se fosse o Rito praticado na Inglaterra, incontestavelmente devem ser corrigidos para Cerimônias Exatas do Ritual de Emulação. Na verdade, esse erro provou que os nossos melhores autores (e nós também), por muitos anos, "comemos bola", porque não sabíamos e continuamos errando, já agora mesmo sabendo, eis que, viciados com o nome York, não conseguimos dele nos livrar. A exemplo destas verdades de agora, existem ainda muitas outras para serem mostradas pela visão da vertente anglo-saxônica.

De fato, sem quaisquer suspeições, não se pode negar que, em nosso País, a vertente francesa é muito mais conhecida. Por isso, aos que pretendem criar, no Brasil, um "Rito de Emulação" (em lugar de "Rito de York"), é necessário acrescentar que, na Inglaterra, "Emulation" não é nome de um Rito. É o nome de um Ritual, onde está contido um Rito inominado (Obs: esse rito – Emulation Ritual, destinava-se, tão somente, ao Grau de Mestre, com a finalidade de preservação das práticas ritualísticas). Aliás, o "Emulation", apesar de sua prevalência, não é o único Ritual usado pelos ingleses. Há, também, o "Bristol", o "Stability", o "Muggeridge", o "Claret" e outros, entre os quais o "York Working", que, entretanto, é um sistema exclusivo da "York Lodge nº 236", sem o mais remoto liame com aquele que, no Brasil, recebeu o desacertado nome de "Rito de York".

A "United Grand Lodge of England" confere apenas os denominados Graus Simbólicos, vale dizer, Aprendiz ("Apprentice"), Companheiro ("Fellow Craft") e Mestre Maçom ("Master Mason"). Se assim é, como se explica (perguntarão os Respeitáveis Irmãos Leitores) a existência de Capítulos ("Chapters") do Sagrado Arco Real ("Holy Royal Arch")? Não se trata (responde este articulista) de um quarto Grau, mas, sim, indubitavelmente, de uma indispensável extensão do Grau de Mestre.

Na vertente francesa, o Grau de Mestre não se completa dentro dos denominados Graus Simbólicos, pois há uma então ignorada palavra perdida, que só é descoberta em um dos denominados Graus Filosóficos. O sistema inglês é diferente. Quando os Mestres recebem a extensão caracterizadora do "Sagrado Arco Real" (no respectivo Capítulo), transmite-se-lhes a almejada palavra. Essa transmissão faz com que, verdadeiramente, fique completo o Terceiro Grau ("Third Degree").

Aqui, no Brasil, foram fundados vários Capítulos do Arco Real (não confundi-los com os Capítulos da vertente francesa, onde são ministrados só os chamados Graus Filosóficos a ele pertinentes, e nunca os chamados Graus Simbólicos). Os dois primeiros foram o "Silver Jubilee", em São Paulo - SP, de 7 de agosto de 1935, e o "Guanabara", no Rio de Janeiro, de 6 de novembro de 1935. São mais novos o "Wanderer’s", em Santos, de 6 de fevereiro de 1952, "Centenary", em São Paulo - SP, de 3 de novembro de 1954, "Campos Salles", em São Paulo - SP, de 31 de julho de 1957 (instalado em 16 de novembro de 1957) e "Royal Edward", no Rio de Janeiro, de 5 de maio de 1954. Todos esses Capítulos nasceram e continuaram, sempre, subordinados, diretamente, à "United Grand Lodge of England". Os Rituais ingleses são excelentes. Existe uma boa tradução, em português, elaborada em 1970 e impressa em 1971 pelo "Campos Salles Chapter", de São Paulo - SP, com a denominação de "Ritual Dogmático das Cerimônias do Sagrado Arco Real, incluindo as Instalações dos Três Principais". Quem não conhecer o sistema inglês, não saberá o que significam os "Três Principais".

Sem prejuízo de seu ingresso e de sua permanência em um dos Capítulos do Sagrado Arco Real, o Mestre Maçom poderá pleitear seu ingresso na Maçonaria de Marcas ("Mark Masonry"), que não está subordinada à "United Grand Lodge of England". Essa Maçonaria nasceu na Escócia e foi adotada pelos ingleses, que, em 17 de novembro de 1851, devidamente autorizados pelos escoceses do "Bon Accord Mark Chapter", fundaram a "London Bon Accord Mark Lodge". Mais tarde, em 23 de junho de 1856, foi fundada a "Grand Lodge of Mark Master Masons" (Grande Loja de Mestres Maçons de Marcas) e, vinte e dois anos depois, a "Grand Lodge of Mark Master Masons of England and Wales and Dominions of the Crown" (Grande Loja de Mestres Maçons de Marcas da Inglaterra e Gales e Domínios da Coroa).

No Brasil, também existem Lojas de Marcas, que, tanto quanto as inglesas (de Marcas), não estão subordinadas à "United Grand Lodge of England". Essas Lojas são a "Saint Paul’s", de São Paulo - SP, fundada em 26 de agosto de 1936, "Wanderer’s", de Santos, fundada em 27 de setembro de 1949, "Guanabara", do Rio de Janeiro, fundada em 18 de junho de 1951, e "Campos Salles", de São Paulo - SP, fundada em 1º de janeiro de 1969.

Há uma extensão denominada "Royal Ark Mariners" (Nautas do Real Arco). Essa extensão é muito praticada na Inglaterra, em várias e várias Lojas (específicas), sem subordinação à "United Grand Lodge of England". Igualmente sem subordinação, existem, no Brasil, duas Lojas de Nautas do Real Arco, a "Saint Paul’s", de São Paulo - SP, fundada em 5 de abril de 1951, e a "Guanabara", do Rio de Janeiro, fundada em 4 de junho de 1953.

Ainda mais, existem na Inglaterra, os "Knights of Malta" (Cavaleiros de Malta) e os "Knights Templars" (Cavaleiros Templários), sem vinculação com a "United Grand Lodge of England" e sem vinculação com a "Grand Lodge of Mark Master Masons of England and Wales and Dominions of the Crown".

No Brasil, não funcionam quaisquer Corpos dos Cavaleiros de Malta. Porém, quanto aos Cavaleiros Templários, é importante esclarecer que os ingleses consagraram uma Preceptoria em Buenos Aires, no ano de 1968, e que os argentinos consagraram, no ano de 1969, uma "Crux Meridionalis" (Cruz Meridional*) em São Paulo - SP, então com vinte e quatro membros (entre os quais sete honorários), na Rua São Luís, nº 1.231, no bairro de Santo Amaro. É evidente que os Respeitáveis Irmãos Leitores não confundirão os Cavaleiros de Malta e os Cavaleiros Templários, da Maçonaria, com duas sociedades homônimas, profanas, que, pela via postal, fazem vistoso proselitismo.

*Ou Cruzeiro do Sul

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