Cor Azul ou Vermelha?

O Rito Escocês Antigo e Aceito é na Cor Azul ou Vermelha?
Charles Evaldo Boller

Na Grande loja do Paraná a cor dos templos das lojas simbólicas e dos aventais para o rito escocês antigo e aceito é a azul, a mesma herdada da modificação estabelecida em 1927 por Mário Behring. Se naquela ocasião aquele cidadão tentava ou não efetuar mudanças para chamar atenção da Grande loja da Inglaterra, assemelhando a cor ao estabelecido para o rito de York, isto já não interessa mais; voltar não é importante.
A cor ser azul ou vermelha não cabe mais recurso, porque no Brasil, ao menos enquanto não surgir um outro Mário Behring, sua utilização está sacramentada pelo uso e tradição. Uma uniformização da cor não fará do rito escocês antigo e aceito e da Maçonaria uma instituição melhor. O que de fato interessa é o maçom que veste a insígnia ou que se utiliza do ambiente. É do coração e da mente do maçom que deve emergir a luz em todo o espectro de cores visíveis e invisíveis.


Se realmente há interesse em mudar algo importante, então toda a atenção deve ser canalizada para mudar os seres humanos que adentram à ordem maçônica em busca de melhoria de sua condição humana.



Existem muitos ritos; porque não reduzir esta diversificação? Porque ela é necessária para que a Maçonaria seja o que ela é; uma instituição que abriga uma infinidade de linhas de pensamentos - colocar tudo dentro de um molde faria a ordem fenecer.

Existem diversas potências e obediências no Brasil; porque não reduzir tudo a uma única? Porque eliminaria a concorrência. A diversificação é necessária para que cada uma tente superar as outras, e para acolher as mais diversas linhas de pensamento filosófico e político. Em Maçonaria não se discute política, mas a sua ética e moral, associadas à filosofia influenciam pessoas a atuarem na sociedade em busca do poder para modificá-la; o exercício correto do poder é política, e isto se aprende na disciplina das oficinas e é o que teve, e tem a capacidade de mudar a sociedade. É do homem forjado nas oficinas da Maçonaria e que age conforme o que aprendeu, é dos obreiros que conspiram dentro dos templos contra toda opressão, desigualdade e guerra, a capacidade de erigir templos à Virtude e cavar masmorras ao vício.

O grande desafio daquele que pugna pela uniformização dos procedimentos maçônicos é sua dificuldade de ver a Maçonaria como um sistema vivo. As discussões de maioria dos estudiosos maçons não consideram as organizações humanas como sistemas vivos em constante mutação, ou não percebem que o ser humano detesta ser tratado como a engrenagem de uma máquina. Onde existem humanos não cabe uniformização, pois é na diversidade em complexidade crescente que se alicerça a sua evolução.

Razão, emoção e religião deveriam estar em equilíbrio para produzir o homem completo, mas vive-se sob enorme pressão. Nunca se trabalhou tanto e isto reflete na falta de tempo para relacionamentos, apesar da crescente prosperidade material. Os iniciados buscam na instituição maçônica é que lhes falta no mundo profano, a espiritualidade conectada ao seu sopro de vida, algo que o capitalismo selvagem, a globalização não possibilitam e são a causa das dificuldades que ora enfrentamos. É o sopro de vida que os faz sentirem-se parte de todo o conjunto de seres viventes que compartilham a biosfera. É nas oficinas da maçonaria que aflora a experiência espiritual que une mente e corpo. E a Maçonaria o faz sem o aparecimento de uma doutrina teológica maçônica. É impossível conceber Maçonaria sem atributos espirituais; não seria Maçonaria, seria ateísmo materialista. A espiritualidade Maçônica é resultado da universalização da espiritualidade quando ela exige a crença num Ser Supremo respeitando a religião de cada um. A Maçonaria é uma escola que promove conhecimentos sem denominar-se religião, sem declarar um Deus único e sem posicionar-se politicamente como instituição.

A discussão de cores de templos e adereços é vazia e sem razão porque contribui para quase nada, antes desvia a atenção do centro de seu principal objetivo: o ser humano. São apenas detalhes materialistas que em nada contribuem ao crescimento individual; é apenas vaidade, um esforço de alcançar o vento na corrida.

Biografias:
1. Mário Behring ou Mário Marinho de Carvalho Behring, engenheiro, jornalista e maçom brasileiro. Nasceu em Ponte Nova, Minas Gerais em 27 de janeiro de 1876. Faleceu, em 14 de junho de 1933, com 57 anos de idade. Fundador das Grandes Lojas Estaduais Brasileiras.

1 comentários:

Julimar Freitas disse...

EXPOSIÇÃO ÉTICA, PRÁTICA E DE PROFUNDIDADE!!! PARABÉNS!!!!!!

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