As Associações de Pedreiros da Antiguidade



As Associações de Pedreiros da Antiguidade :

Na procura das origens da Maçonaria, os historiadores têm analisado as associações que existem desde os mais tempos mais longínquos e encontrado que os pedreiros ou outros ofícios relacionados com a arte de construir tem-se destacado por serem eles os que mais tem criado este tipo de associações, em certa forma similares das conhecidas nos tempos da Idade Média.

Na antiga Caldéia existiriam confrarias de construtores 4.500 anos ac e têm-se encontrado certos monumentos acádicos em que aparece um triângulo como símbolo da letra Rou (construir).

No Egito a arquitetura foi ciência sacerdotal, iniciática, hermética, com segredos que eram mantidos fora do alcance da sociedade comum.

Na China, existiam livros sagrados que conheciam o simbolismo do esquadro e do compasso, que eram a insígnia do sábio diretor dos trabalhos.

Na Grécia encontramos a confraria de Dionísio, que era uma divindade originaria da Tracia e que construiu templos e palácios tanto na Grécia como na Síria e na Pérsia. Seus membros eram homens de ciência que não somente se distinguiam pelo seu saber como também porque se reconheciam por sinais e toques. Mantiveram um colégio em Theos, lugar que lhes fora designado como residência e onde eram iniciados os novos membros. Reconheciam-se por médio de toques e palavras; estavam divididos em lojas que eles denominavam colégios; cada colégio era dirigido por um Mestre secundado por inspetores que eram eleitos pelo período de um ano; celebravam assembléias e banquetes; os mais ricos ajudavam aos que se encontravam em má situação ou doentes e relacionavam a arte de construir com o estudo de mistérios.

Numa Pompilio, segundo rei de Roma (715–672 ac) fundou ou somente autorizou e consagrou os Collegia de artesãos. O povo foi dividido em ofícios agrupados em confrarias com culto. Plutarco menciona 9 collegias; eram mutualidades que as vezes adotavam caráter religioso recebendo o nome de Sodalitates. Entre os Collegia Fabrorum (de Faber = pessoa que trabalha um material), nos colégios funerários e as confrarias religiosas existia ritual iniciático, cerimônias, eleições, decisões pela maioria de votos, patronos honorários; estima-se que o mesmo ritual teria sido transmitido através de 6 séculos, os membros estavam divididos em 3 classes, compostos unicamente por homens, podiam ser de diferentes países, adotaram uma fórmula similar ao Grande Arquiteto do Universo para simbolizar a Deus, tem sido encontrados sarcófagos romanos com compassos, esquadros, prumos e níveis. Nas escavações realizadas em 1878, foi encontrado o Collegia de Pompéia (79 dc) que tinha duas colunas na entrada e esquadros unidos nas paredes. Os Colllegia acompanharam as legiões romanas em todas as suas conquistas onde tiveram a oportunidade de difundir sua arte da construção, podendo ser a semente das fraternidades da Idade Média, mas não existe nenhum documento ou outro fato concreto que demonstre esta possibilidade. Os Collegia terminam quando começam a serem usados como instrumentos políticos sendo abolidos pela Lex Julia (64 ac), voltam mas César baniu-os; Augusto dissolve-os, preservando somente os de utilidade pública; Trajano insiste na proibição mas Aurélio tolera e ajuda-os. Com o fim do Império Romano desaparecem definitivamente deixando poucas lembranças em alguns países.

Durante as escavações do antigo porto de Roma foi descoberta uma inscrição do ano 152 dc com os nomes dos membros da corporação dos bateleiros de Ostia.

Em 286 dc, São Albano obteve autorização de Carausius, imperador britânico, que facultava aos maçons para efetuar um Conselho Geral denominado Assembléia. São Albano participou da Reunião iniciando a novos irmãos. (Relatado nas Constituições Góticas de 926)

O rei lombardo Rotaris (governou entre 636-652), confirma por édito aos Magistri Comacini, privilégios especiais. Os Mestres Comacinos são considerados o elo perdido da maçonaria, o laço de união que une os clássicos Collegia com as guildas de pedreiros da Idade Média, mas não existe nenhuma evidencia documental. A Ordem foi fundada nas ruínas do Colegio Romano de Arquitetos e, na queda do Imperio Romano (478), refugiaram-se na ilha fortificada de Comacino, no Lago Como. Os Comacinos eram arquitetos livres, celebravam contratos e não estavam submetidos a tutela nem da Igreja e nem dos senhores feudais. O nome de Mestres Comacinos nao derivaria do nome da cidade Como, porque seus habitantes são chamados Comensis ou Comanus; o nome de comacinos significaria Companheiro Maçom e também, existe o nome de comanachus (companheiro monge) sem referencia a cidade de Como.

Na inauguração em 674 dc da Igreja de Wearmouth, nas Ilhas Britânicas, construída pêlos Comacinos, foi emitido um documento de apresentação com palavras e frases do edito de 643 do rei lombardo Rotaris.

Por uma pedra gravada entre 712 e 817 dc, sabe-se que a Guilda Comacina estava constituída por Mestres e Discípulos, obedeciam um Grão Mestre ou Gastaldo, chamavam Loja os locais de reunião, tinham juramentos, toques e palavras de passe, usavam aventais brancos e luvas, seus emblemas tinham esquadro, compasso, nível, prumo, arco, nó de Salomão e corda sem fim e reverenciavam os Quatro Mártires Coroados.

Durante o reinado progressista e cultural de Alfredo O Grande na Inglaterra (849-899) a corporação maçônica se estabelece sob normas mais regulares. Divide-se em reuniões parciais denominadas lojas, dependendo todas de um poder central regulador, hoje conhecido como Grande Loja, com sede em York, sendo o objetivo principal a construção de edifícios públicos e catedrais.


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Collegia Fabrorum



Todas as associação humanas surgem porque o homem é um ser sociável, isto é, que ele forma naturalmente associações que possam satisfazer seus anseios, sem necessidade de modelos de associações anteriores. Em razão disso a Maçonaria Moderna não nasceu porque existiram as guildas, nem as guildas nasceram porque existiram os collegia fabrorum. Por mais que consigamos ampliar esta série sempre chegaremos a uma primeira associação que não teve modelos a seguir.



Cada associação se distingue de todas as outras pelos fatores sociais que as geraram e pelos laços que unem seus membros. O laço entre os maçons modernos é a fraternidade universal, o laço primeiro entre os homens das guildas foi a defesa de interesses profissionais, o laço entre os associados dos collegia fabrorum foi adoração de uma divindade comum, o anseio por um enterro cerimonioso e a preservação do nome após a morte.

Os Collegia Fabrorum
Por: Irm Ambrósio Peters ( * )



Com relação a este tema temos lido com certa freqüência que os collegia fabrorum teriam sido o modelo e a origem das guildas medievais e assim indiretamente das lojas maçônicas. Na busca de informações observamos que aquela expressão latina significa genericamente '"associações de operários". A expressão correta para "associações de construtores" seria "collegia sructorum" ou "collegia constructorum".

Quanto á essência e a origem dessas associações encontramos duas amplas pesquisas , a primeira de um professor de história da Universidade de S. Paulo e outra ainda mais completa de um professor da MA - London School of Economics, e delas concluímos que os collegia romanos nunca passaram de um misto de clube social e sociedade funerária sem nenhuma conexão com corporações de oficio.

A segunda pesquisa, a mais completa, informa que na estrutura sócio-econômica do Império Romano em momento algum houve lugar para corporações de ofício do tipo das guildas medievais pois todas as atividades produtivas e comerciais sempre estiveram sob o controle direto do Estado. Todas as profissões ligadas a essas atividades eram hereditárias e além disso qualquer cidadão romano, por mais alto que fosse o seu cargo e por mais longínqua que estivesse a sua província, somente tinha o domínio ou a posse de qualquer bem ou patrimônio enquanto o Estado o permitisse e enquanto permanecesse ligado a sua profissão.

Por exemplo, uma das profissões mais importantes em Roma era a dos padeiros (pistores) pois a distribuição diária do pão era rigidamente controlada pelo Estado. Filho de padeiro seria padeiro para o resto de sua vida, e assim os seus filhos, seus netos, etc. Em algumas profissões, como a dos marinheiros (navicularii), o associado podia deixar seu collegium desde que encontrasse alguém para o seu lugar.

Esta estrutura social dava a Roma o poder de controlar todos os seus súditos e controlar todo o sistema de abastecimento em todo o território imperial. No período republicano a formação dos collegia era incentivada, mas com o império todos os envolvidos com alguma atividade produtiva, comercial, burocrática ou social eram obrigados a pertencer a um collegium.

As grandes obras de construção, como estradas, pontes e edifícios públicos eram executadas por soldados, escravos e libertos e não por collegia de construtores que acompanhassem os exércitos, mesmo porque ninguém podia deixar seu grupo familiar hereditário profissional e se deslocar para outras cidades a não ser que fosse convocado pelo governo central. A livre iniciativa não existia, e era apenas permitida em casos extremos de desabastecimento nacional.

A idéia de que os soldados romanos destruíam as cidades conquistadas não é verdadeira, porque Roma preservava as cidades e suas fortificações intactas para nelas poder instalar suas administrações provinciais e suas forças militares. Houve apenas duas exceções, Cartago e Jerusalém. Cartago foi destruída porque os cartagineses pretendiam destruir Roma e a questão era quem destruiria o outro primeiro. Jerusalém foi destruída porque os judeus nunca se submeteram a Roma e a única forma de destruir a sua resistência foi arrasar Jerusalém e o seu templo.

De outra parte as fortalezas romanas em territórios bárbaros, como na Inglaterra e na Germania por exemplo, eram erguidas com toras pelos próprios soldado auxiliados pelos cidadãos vencidos feitos escravos como era habito romano.

Afirmam historiadores que os collegia romanos desapareceram completamente com a queda da parte ocidental do Império Romano quando as cidades européias cairam uma a uma ante os bárbaros invasores vindos de todos os lados. Possivelmente teriam restado apenas fracos e raros indícios de sua antiga presença na Itália e no Oriente. Ao norte dos Alpes porém nada sobrou de sua estrutura pois toda a Europa Ocidental foi reduzida à barbárie durante a Idade das Trevas.

As primeiras manifestações de corporações de trabalho medievais começaram a aparecer lentamente durante o século VIII tanto no reino de Carlos Magno como no reino da Inglaterra, sendo as notícias mais claras neste país. Mas sua estrutura nenhuma semelhança tinha com a dos collegia dos romanos.

Dos dois trabalhos de pesquisa que mencionamos, a primeira, do professor paulista, mostra ao seu final conclusões cujas premissas não estão entre os dados coletados inclusos no texto. Por exemplo, ele conclui que as catacumbas romanas foram o refugio dos cristãos perseguidos pelos imperadores romanos e que os primeiros cristãos viviam subterraneamente como sociedade secreta.

Mas a verdade não é esta segundo informações do próprio Vaticano, Os primeiros cristãos, opondo-se ao costume romano da cremação dos cadáveres, e para evita-lo usavam as catacumbas como cemitérios para os seus mortos, nelas realizando também outras cerimonias religiosas cristãs. Não há vestígios de que lá tenham vivido. As catacumbas eram conhecidas dos romanos pois eram romanos, os fossores, que as cavavam.

Também os seus trabalhos de pesquisa não contém informações que possam ligar os collegia às guildas medievais, não obstante apresenta isto como conclusão do seu trabalho. O problema a nosso ver está na circunstância de não ter ele levado em consideração a barbarização da Europa além do Alpes nos séculos V ao VII.

Já a segunda pesquisa, do professor londrino, é mais ampla e situa os collegia como um elemento do complexo sistema econômico-administrativo romano e os analisa dentro dos complexos momentos políticos do vasto Império Romano, o que não foi feito pelo pesquisador brasileiro.

Sua conclusão é bastante clara e consciente e ele inicia a exposição de sua conclusão com este parágrafo:

Tornou-se claro nas páginas precedentes que no decurso do século 4º D.C. todos os membros dos collegia e das corporações, desde os mais ricos proprietários de navios até o mais pobre dos artesãos, estavam hereditariamente confinados a sua atividade profissional. Não obstante esse severo confinamento pelo qual o homem e suas posses ficavam atados a sua corporação ou collegium, de um modo geral era impossível a qualquer cidadão escolher seu próprio negócio ou profissão, determinando o Estado que todos deviam ser o que seu pai fora, e que suas possessões somente seriam suas enquanto as usasse para a finalidade especifica decretada pelo governo.

Não há evidentemente condições de, em um Estado assim organizado, sequer se pudesse pensar em alguma corporação de ofício como possível modelo de uma guilda de ofício medieval.





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ESCOLAS DO PENSAMENTO MAÇÔNICO

Opresente texto procura demonstrar as diferentes Escolas de Pensamento Maçônicas, e a sua influência nas diferentes concepções e conceitos sobre as origens e as influências recebidas e exercidas pela Ordem Maçônica ao longo da História.

Ordem Maçônica ou simplesmente Maçonaria[1], quer enquanto ordem coletiva, quer através da ação isolada de seus membros, imbuída de valores iluministas, contribuiu para o processo de independência do Brasil e também para o processo de separação da Igreja e do Estado Brasileiro. Contribuiu para o processo a laicização[2] deste e da sociedade brasileira do século XIX e também para a difusão e a afirmação das idéias de cunho liberal e libertário.

Por: Roberto Bondarik

A Maçonaria teve um papel fundamental e essencial em quase todos os movimentos de emancipação política e independência de praticamente todo o continente americano, e na luta contra o absolutismo monárquico, surgidos nos séculos XVIII e XIX, época em que o mundo estava passando por grandes e inúmeras transformações políticas e sociais. Nesta época, movimentos como a independência dos Estados Unidos da América, a Revolução Francesa difundiam idéias de liberdade política e emancipação que se disseminavam através de toda a América Espanhola[3] e América Portuguesa, ou seja o Brasil (CASTELLANI: 1992, p. 32-34)

Sobre a Maçonaria, é importante em primeiro lugar procurar defini-la e conceitua-la, tarefa um tanto difícil, pois nos cabem diversas definições e principalmente opiniões sobre suas origens. Opiniões estas nem sempre fundadas em fatos concretos, documentos ou opiniões concretas que possam ser apontados como autênticos do ponto de vista histórico. Estas diversas definições abrangem os diversos aspectos da Maçonaria, destacando segundo seus defensores os segmentos que mais lhes convém como os campos político, filosófico, econômico e também esotérico, religioso ou mesmo iniciático.

Sobre as origens da Maçonaria, Joaquim Gervásio de Figueiredo, historiador e pesquisador maçom, em seu "Dicionário de Maçonaria", fez uma importante citação de um texto relacionado pertencente a obra "Pequena História da Maçonaria" escrito por C. W. Leadbeater e publicado pela Editora Pensamento, o texto versa sobre as quatro "Escolas do Pensamento Maçônico", que congregam os diferentes escritores e pensadores, estudiosos e historiadores da Maçonaria e conseqüentemente o universo dos maçons:

" ... As origens da Ordem Maçônica se perdem nas brumas da Antigüidade. Sendo que os escritores maçônicos do século XVIII especularam sua história sem o devido espirito critico ou cientifico, baseando seus conceitos em uma crença literal na história e na cronologia do Antigo Testamento, e nas lendas curiosas da Ordem, oriundas dos tempos operativos das Antigas observâncias ou Constituições ..."[4]



Continuando com a citação do Dicionário de Maçonaria, aponta-se que no século XIX, também alguns autores apontavam origens remotas ou bíblicas para a Maçonaria

"... O Dr. Oliver (...) chegou a escrever que a Maçonaria, tal qual a temos hoje, é a única verdadeira relíquia da religião dos patriarcas (hebreus) antes do Dilúvio, ao passo que os antigos Mistérios do Egito e de outros países, que tão estreitamente se assemelhavam a ela, foram apenas corrupções da única e pura tradição ..."[5]



Reforçados pela difusão dos princípios iluministas, que fortaleceram as idéias e posições da Ordem, o pensamento científico e racional também ganha espaço entre os maçons. Com base na necessidade de se comprovar historicamente e documentalmente suas origens que puderam ser aos poucos estudadas a luz das ciências[6] e do conhecimento

" ... A medida em que os conhecimentos científicos e históricos progrediram em outros campos de pesquisas, e especialmente na análise critica da escrituras (BIBLIA), os métodos científicos foram gradativamente sendo aplicados ao estudo da maçonaria, de sorte que atualmente existe um vasto acervo de informações positivamente exatas e das mais interessantes sobre a história da Ordem ..."[7]



Basicamente, podemos apontar que então, as linhas de investigação e estudo sobre as origens da Maçonaria dividem-se em quatro principais escolas ou tendências de pensamento:

"... existem quatro principais escolas ou tendências do pensamento maçônico, ainda não necessariamente definidas ou organizadas como escolas, porém agrupadas, segundo suas relações, a quatro importantes departamentos de conhecimento, primitivamente não incluídos no campo maçônico (...) cada um deles tem seus próprios cânones de interpretação dos símbolos e cerimônias maçônicos, conquanto seja claro que muitos dos modernos escritores maçônicos são influenciados por mais de uma escola..."[8]



Levando em consideração que todas estas quatro escolas influenciaram e ainda influenciam, de uma maneira ou de outra praticamente todos os escritores e historiadores maçônicos, faz-se necessário portanto que destaquemos cada uma delas, bem como as suas características mais importantes, pois de seu conhecimento dependerá toda a interpretação das idéias e feitos dos membros da maçonaria nos diversos eventos e acontecimentos que sucederam-se ao longo da História.

A primeira das escolas a serem retratadas aqui é a "Escola Autêntica", que tranqüilamente poderíamos também chamar de Escola Histórica:

" (...) surgiu na Segunda metade do século XIX , em resposta ao desenvolvimento do conhecimento crítico em outros campos. As antigas tradições da Ordem foram minuciosamente examinadas à luz de documentos autênticos ao alcance do historiador. Empreendeu-se uma enorme soma de pesquisas nas atas da Lojas e em documentos de todas as espécies tratando do passado e do presente da Maçonaria em arquivos de municipalidades e povoações, em decretos e sentenças judiciais (...) consultaram-se e classificaram-se todos os arquivos acessíveis (...) uma vasta soma de material de permanente utilidade para os estudiosos de nossa Ordem tornou-se assim acessível graças ao labor dos cultores da Escolas Autêntica.

(...) Numa sociedade secreta como é a maçonaria, há de haver muita coisa que jamais foi escrita, mas apenas transmitida oralmente nas Lojas, e assim os documentos e registros têm apenas um valor parcial (...) a tendência desta escola é, portanto, muito naturalmente fazer a Maçonaria derivar das lojas e Guildas operativas da Idade Média, e fazer supor que os elementos especulativos foram enxertados no tronco operativo (...) se pudermos admitir que o simbolismo (...) da Maçonaria é anterior a 1717, não haverá, praticamente, limites na computação de sua idade (...) outros escritores não vão além dos construtores medievais, na procura da origens de nossos mistérios (...)[9]



É importante destacar que o nascimento oficial da Maçonaria ocorre em 1717, quando quatro Lojas Maçônicas, que se reuniam em Londres, Inglaterra, formaram a primeira Grande Loja do mundo, a qual passou a credenciar outras Lojas e Grandes Lojas em muitos países[10].

Devemos porém ressaltar que a Ordem Maçônica não surgiu simplesmente do “nada”. Existiu todo um trabalho de preparação de suas bases ao longo do tempo, e podemos afirmar com base nas tradições, sem trocadilhos, que foi um longo tempo. Ainda em alusão à “Arte da Construção”, de onde retiramos nossa simbologia, podemos dizer que primeiro foi encontrado o terreno para a construção, depois feita sua preparação, plantados os alicerces e, finalmente, iniciada a elevação das paredes e do prédio. Tornando-se este edifício representado pela Maçonaria uma obra conduzida por múltiplas mãos ao longo da História. Constantemente “escavando masmorras aos vícios e erguendo templos à virtude”, os maçons encontram-se em constante labor.

A próxima a ser retratada é a "Escola Antropológica":

" (...) Aplica as descobertas da Antropologia aos estudos da história maçônica (...) os antropologistas têm reunido um vasto cabedal de informações sobre os costumes religiosos e iniciatórios de muitos povos, antigos e modernos (...) a Escola Antropológica concede a Maçonaria uma Antigüidade muito maior que a tida pela Escola Autêntica, e assinala surpreendentes analogias com os antigos Mistérios de muitas nações (...)

Os antropologistas não confinam seus estudos apenas ao passado, mas têm investigado os ritos iniciatórios de numerosas tribos selvagens existentes tanto na África como na Austrália (...) tem encontrado gestos e sinais ainda em uso entre os maçons. Entre os habitantes da Índia e da Síria têm sido encontradas impressionantes analogias com os ritos maçônicos (...) é evidente que ritos análogos aos que chamamos de maçônicos existem entre os mais antigos do globo, e podem ser encontrados sob uma forma ou outra em quase todas as partes do mundo. (...) sinais existem no Egito e México, na China e Índia, na Grécia e Roma, nos templos de Burma e nas catedrais da Europa medieval (...) no sul da Índia existem santuários onde são ensinados os mesmos segredos sob compromissos de juramento tal como nos são comunicados na Ordem e nos graus superiores da Europa e América modernas. (...)

À obra da Escola Antropológica se deve uma clara revelação da imensa Antigüidade e difusão daquilo que atualmente chamamos simbolismo maçônico (...) Das pesquisas dos antropologistas resulta perfeitamente claro que, quaisquer que sejam os exatos elos na cadeia da descendência, na Maçonaria somos os herdeiros de uma tradição antiqüíssima, durante incontáveis idades tem estado associada com os mais sagrados mistérios do culto religioso.[11]



A terceira escola que foi relacionada por Joaquím Gervásio do Nascimento, trata-se da "Escola Mística"[12] ou "Iniciática":

" (...) Encara os mistérios da Ordem (..) vendo neles um plano para o despertar espiritual do homem e seu desenvolvimento interno (...) declaram que os graus da Ordem são simbólicos de certos estados de consciência, que devem ser despertados no iniciado individual, se ele aspira ganhar os tesouros do espirito (...) um testemunho que pertence mais à religião do que à ciência. A método místico é a união consciente com Deus, e para um maçom desta escola a Ordem objetiva representar a Senda para essa meta, oferecer um mapa, por assim dizer, para guiar os passos do buscador de Deus.

(...) estes estudiosos estão mais interessados em interpretações do que em pesquisas históricas. Sua preocupação principal consiste (...) em viver a vida indicada pelos símbolos da ordem, com o fím de atingir a realidade espiritual de que estes símbolos são apenas pálidos reflexos (...) sustentam que a Maçonaria tem pelo menos parentesco com os antigos Mistérios, que visavam precisamente a mesma finalidade: a de oferecer ao homem uma via pala qual possa encontrar Deus (...) "[13]



Segundo José Castellani, a Maçonaria não é todavia uma Ordem Mística, já que, nela a razão sobrepuja o misticismo[14]. Porém ele destaca a importância do misticismo e da simbologia mística para a construção e manutenção da doutrina moral da Ordem Maçônica:

" (...) Embora a Maçonaria não seja uma religião e nem seja uma ordem mística, ela utiliza, em seus rituais, na sua simbologia e na sua estrutura filosófica e doutrinária, os padrões místicos de diversas seitas, associações e civilizações antigas, principalmente os relativos às religiões e às ordens iniciáticas de cunho religioso daqueles povos que representaram o alvorecer das civilizações e que representam o alvorecer das civilizações e que concentravam, desde o século V a. C., em torno dos rios Tigre e Eufrates e do Mar Mediterrâneo. (...) [A Maçonaria] nascida em sua forma moderna, nas asas das aspirações liberais e libertárias dos povos subjulgados pelo poder real absoluto e pelos privilégios do clero, ela, também, é liberal e libertária, evolutiva e adaptável às épocas, racional e democrática. Para armar todavia, a sua doutrina moral, ela buscou o simbolismo nascido da mística de civilizações perdidas na noite dos tempos; e o simbolismo, fonte de espiritualidade oculta, será, sempre, por mais que a cibernética e a materialidade dominem o mundo, uma LUZ no caminho da humanidade.[15]


A quarta e ultima escola do pensamento maçônico, por fim, é a aquela chamada de "Escola Oculta":

" (...) está representada por uma corporação sempre crescente de estudiosos na Ordem Co-maçônica (ou Ordem Maçônica Mista Internacional Le Droit Humain), que esta progressivamente atraindo também aderentes da Maçonaria masculina. Como um de seus principais e característicos postulados é a eficácia sacramental do cerimonial maçônico, quando devida e fielmente executada, talvez nos seja lícito, chamá-la a escola Sacramental ou Oculta (...) o objetivo do ocultista, não menos que o do místico, é a união consciente com Deus, porém diferem seus métodos de busca. (...) o método ocultista se desenvolve através de uma série de etapas gradativas, de uma Senda de Iniciações conferindo sucessivas expansões de consciência e graus do poder sacramental. O místico é freqüentemente mais de caráter individual, um 'vôo do solitário para o solitário' (..) o método do místico é pela prece e oração(...)"[16]



Sem desmerecer ou contradizer nenhuma das escolas do pensamento maçônico, importantes apontamentos sobre as origens da Maçonaria, foram feitos por Marcello Francisco Ceroni, em seu trabalho intitulado "O Surgimento da Maçonaria", e publicado pela Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, que apesar de não muito extenso, é bastante rico em informações, citações e referencias bem fundamentadas e embasadas:

"... A história, o desenvolvimento e a evolução da maçonaria como agremiação, deve ser iniciada com a história da Fraternidade do Pedreiros e Canteiros da Idade Média , por razões da relação intima existente entre a irmandade e a Fraternidade dos Franco-Maçons, porque efetivamente, a história de uma é unicamente a introdução à história da outra."[17]



Por ser este um trabalho que se pretende ser histórico e dentro do possível racional, não poderíamos nos ater a fatos cuja autenticidade poderia vir a ser questionada. Ficaríamos portanto, também impossibilitados de utilizar lendas e tradições de uma maneira mais geral, apesar de muitas verdades podem ser retiradas de simples relatos, por mais fantasiosos que poderiam parecer.

Surgida na Europa, segundo muitos historiadores maçons, sendo portanto originada das antigas corporações[18] ou guildas de pedreiros construtores de catedrais, apesar de outros procurarem indicar origens mais antigas, como os Colégios Romanos, ou "Collegia Caementariorum", associações de pedreiros e construtores que apareceram em vários países e regiões dominados pelo Império Romano. Estes Colégios erigiam templos e outros diversos edifícios públicos[19].

A Maçonaria foi se imbuindo de valores e ideais liberais e libertários ao longo de seu desenvolvimento. Influenciada principalmente pelo Iluminismo, no século XVIII, teve a Ordem Maçônica importante papel na luta contra o absolutismo político, e na conquista e consolidação do poder político pela burguesia, quer seja na Europa, quer seja na América.



BIBLIOGRAFIA:



ASLAN, Nicola. História Geral da Maçonaria: Fastos da Maçonaria Brasileira. Londrina: A Trolha, 1997;

CALDEIRA, Jorge. Mauá: Empresário do Império. São Paulo: Companhia das Letras, 1995;

CAMINO, Rizzardo da; CAMINO, Odéci Schilling da. Vade Mécum do simbolismo Maçônico. São Paulo: Madras, 1999;

CASTELLANI, José. A Maçonaria e o Movimento Republicano Brasileiro. São Paulo: Traço, 1989;

CASTELLANI, José. De Maia ao Tiradentes. Revista A Trolha, Londrina, Ano XXII, nº 66 p.32-34, Abril 1992

CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito: História, Doutrina e Prática. 2ª ed, Londrina: A Trolha, 1996;

CASTELLANI, José. Os Maçons na Independência do Brasil. Londrina: A Trolha, 1993;

CERONI, Marcello Francisco. O Surgimento da Maçonaria. Brasília: Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB), 2000;

COLUSSI, Eliane Maria. A Maçonaria Brasileira e a defesa do ensino laico (século XIX). In História & Ensino, vol. 6. Londrina: Universidade estadual de Londrina, 2000. Pag. 47-55

COSTA, Frederico G. Breves Ensaios Sobre a História da Maçonaria Brasileira. Londrina: A trolha, 1993;

FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Editora Pensamento, 1998,

GRANDE LOJA DO PARANÁ. Maçonaria: um informativo para quem não é maçom. Curitiba: Grande Loja do Paraná, 2000;

KOSHIBA, Luiz. História: origens, estruturas e processos. São Paulo: Atual, 2000

LINHARES, Marcelo. História da Maçonaria: Primitiva, Operativa e Especulativa. 2ª ed. Londrina: A Trolha, 1997.

PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia. São Paulo: Brasiliense: Publifolha, 2000;

SAVI, Hamilton. Maçonaria como uma escola de formação. Revista O Prumo. Florianópolis, Ano XXII, nº 141, Janeiro/Fevereiro de 2002, p. 30-31;

* Texto originalmente concebido como capitulo provisório de introdução a uma dissertação de mestrado, e adaptado para ser apresentado em Sessão da Aug\ e Resp\ Loj\ Simb\ "Cavaleiros da Luz" Nº 60, Or\ de Cornélio Procópio, filiada à Grande Loja do Paraná. Apresentação esta, ocorrida no dia 29 de Maio de 2002 da E\ V\.



[1] O nome Maçonaria, ou Franco-Maçonaria deriva do termo francês "franc-maçonnerie", ou seja, pedreiros-livres. (N.A)



[2] Por laicização, entende-se a separação ocorrida entre Estado e Igreja, ou ainda a sensível diminuição da influência desta dentro do governo. Em Portugal e no Brasil tal influência era conhecida ainda como regime do "Padroado". (N.A)



[3] CASTELLANI, José. De Maia ao Tiradentes. Revista A Trolha, Londrina, Ano XXII, nº 66 p. 32-34, Abril 1992.

[4] FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Editora Pensamento, 1998, p. 239;

[5] Idem. Op cit. p.239

[6] O conhecimento científico, resulta de investigação metódica, sistemática da realidade. transcende os fatos e os fenômenos em sí mesmos, analisa-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que o regem

É verificável na prática, por demonstração ou experimentação. explica e demonstra com clareza e precisão os segredos da realidade, além de descobrir suas relações de predomínio, igualdade ou subordinação com outros fatos ou fenômenos. De tudo isso conclui leis gerias, universalmente válidas para todos os casos da mesma espécie. (N.A.)

[7] FIGUEIREDO, Op cit. p.239;

[8] FIGUEIREDO, Op cit. p.239-240;

[9] FIGUEIREDO, Op cit. p.240-241;

[10] GRANDE LOJA DO PARANÁ. Maçonaria: um informativo para quem não é maçom. Curitiba: Grande Loja do Paraná, 2000;

[11]. FIGUEIREDO. Op cit. p.241-242;

[12] “(...) Misticismo (ou Mística), é uma palavra originado grego ‘MYO’, que significa ‘fechar a boca’ e que, como mistério (do grego ‘MYSTERÍON’), provinda da mesma raiz, tem o significado de algo que se percebe, profundamente, no íntimo , mas que não pode ser revelado, ou de que não se pode falar .

O misticismo representa um tendência para a busca de um ABSOLUTO com o qual pretende, o místico, unir-se, moralmente, através de meios simbólicos e nasce do esforço que faz o homem para abarcar a realidade absoluta, ou divina, e que está em íntima relação com as coisas.

Em última análise, o misticismo é, na realidade, um conjunto de atos e disposições, cuja finalidade é a união com a divindade, considerada como espírito criador e regulador de tudo o que existe. Para atingir essa finalidade, é armado um complexo sistema especulativo, que procura compreender os atributos divinos, buscando a união íntima com a divindade e a concretização de UM ABSOLUTO, ou do ENTE ÚNICO, supremo e onipotente. (..)" - (CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito: História, Doutrina e Prática. 2ª ed, Londrina: A Trolha, 1996. Pág. 91)

[13] FIGUEIREDO. Op cit. p.243;

[14] “ (...) O maçom é livre para investigar a verdade, portanto, pode discordar ou discutir os princípios maçônicos, notadamente, porque as instruções maçônicas não tem natureza dogmática (verdades absolutas) (...)” (GRANDE LOJA DO PARANÁ Op cit. p.14)

[15] CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito: História, Doutrina e Prática. 2ª ed, Londrina: A Trolha, 1996. Pag. 92

[16] FIGUEIREDO. Op cit. p.243-244;

[17] CERONI, Marcello Francisco. O Surgimento da Maçonaria. Brasília: Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB), 2000, p. 5;

[18] "... O termo "corporação" não foi utilizado na Idade Média. Em seu lugar empregava-se mesteres ou guildas. Apesar das controvérsias sobre a origem das associações profissionais da Idade Média, os historiadores procuram filiar as corporações de oficio as instituições antigas ou as confrarias religiosas da própria Idade Média. Contudo, as corporações tinham bases próprias e não poderiam ser consideradas continuação de uma tradição antiga ou religiosa ..." (KOSHIBA, Luiz. História: origens, estruturas e processos. São Paulo: Atual, 2000, p. 173)

[19] KOSHIBA, Idem. Op cit. p. 6

** Roberto Bondarik - M\ M\


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Albert Pike

Albert Pike
1809 -1891
Considerado o pai do R.E.A.A. moderno.
(CURTA BIOGRAFIA)
Albert Pike nasceu em 29 de dezembro de 1809 e era o filho mais velho de seis irmãos do casal Benjamin e Sarah Andrews Pike. Pike cresceu em um ambiente cristão freqüentando uma igreja Episcopal. Foi aprovado no exame de admissão Colégio de Harvard quando tinha 15 anos, mas não conseguiu freqüenta-lo por falta de dinheiro. Depois de viajar pelo oeste americano pela região de Santa Fé, Pike estabilizou-se no Arkansas, onde trabalhou como editor de um jornal local. No Arkansas, encontra Mary Ann Hamilton e casa-se em 28 de novembro de 1834. Desta união nasceram 11 filhos.


Pike foi advogado, poeta, um profícuo escritor, general de brigada no Exército dos Estados Confederados da América e maçom. Era um leitor voraz, interessado especialmente em religiões e sistemas filosóficos das culturas antigas. Como general não comandou nem tropas brancas nem negras, mas índios americanos. Estudou e respeitou a opinião religiosa de seus comandados. Mas não importa como profundamente sondou em outras religiões, nada mudou em Pike, sempre foi um cristão devoto.

Tinha 41 anos em 1850 quando foi iniciado na Loja Western Star Nº 2 em Little Rock, Arkansas. Muito ativo na Grande Loja do Arkansas, Pike galgou até o 10º grau do Rito de York de 1850 a 1853. Recebeu o grau 29º do R.E.A.A. em março de 1853 de Albert Gallatin Mackey em Charleston, S.C.
O R.E.A.A. havia sido introduzido nos Estados Unidos em 1783 e a cidade de Charleston foi o local do primeiro Supremo Conselho deste Rito, até que um outro Conselho, o Supremo Conselho do Norte foi estabelecido na cidade de New York em 1813. A divisão de jurisdição entre o Sul e Norte foi regulamentada 1828 e permanece até hoje.

Mackey então convidou Pike a participar da Jurisdição do Supremo Conselho do Sul em 1858 em Charleston chegando ao cargo de Grande Comandante deste Conselho no ano seguinte. Pike prendeu-se a este cargo até sua morte, dedicando-se a diversas atividades do Conselho, inclusive a advocatícia. Entretanto, Pike foi envolvido pela guerra civil americana dedicando-se grande parte de sua vida à ela. Vivia freqüentemente pedindo o dinheiro para suas despesas básicas, até que o conselho votou uma anuidade de U$ 1.200,00 em 1879 pelo resto de sua vida. Pike faleceu em 2 de abril de 1891 com 81 anos em Washington, D.C.. Para que o R.E.A.A. pudesse sobreviver, Pike realizou uma importante e necessária revisão deste Rito. Nesta empreitada foi incentivado por Mackey para produzir um ritual padrão para o uso em todos os estados da Jurisdição do Sul. A revisão começou em 1855 e depois de algumas alterações o Conselho Supremo endossou a revisão de Pike em 1861. Mudanças menores foram feitas em dois Graus, mais tarde em 1873, em conseqüência de afirmações que os graus 29° e 30° revelavam segredos do Rito de York.

Pike escreveu diversos livros de História, Filosofia e viagens, sendo o mais famoso "Morais e Dogma", assim Pike é muito mais conhecido pela sua maior obra publicada em 1871 e não pela revisão do R.E.A.A.. Também, sua obra "Morais e Dogma" não deve ser confundida com a revisão do R.E.A.A, são trabalhos separados. Walter Lee Brown escreveu: "Pike pretendia que (Morais e Dogma) fosse um suplemento ao Rito Escocês, onde abrangia grande instrução moral, religiosa e filosófica completando assim, sua revisão do R.E.A.A."

Até 1974 "Morais e Dogma" era tradicionalmente presenteado aos candidatos ao Grau 14 º do R.E.A.A., atualmente é fornecido aos candidatos a obra "Uma Ponte para a Luz" (A Bridge to Light) de Rex R. Hutchens. "É lamentável que "Morais and Dogma" seja lido apenas por alguns maçons. "Uma Ponte para a Luz" foi escrito para ser uma ponte entre as cerimônias dos Graus e a leitura de "Morais e Dogmas"", afirma Hutchens.

"Masonry is not a religion. He who makes of it a religious belief, falsifies and denaturalizes it."
(A Maçonaria não é uma religião. Aquele que faz dela uma opinião religiosa falsifica-a e a desnaturaliza.)

Albert Pike; "Morals and Dogma" (p. 161)


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Amenófis IV

Akhenaton

Quando Amenófis IV (Akhenaton) recebeu a coroa, ele se deparou com um excessivo poder clerical. Os sacerdotes de Heliópolis desejavam que Rá fosse o deus-supremo de seu reinado; os hierofantes de Mênfis, por sua vez, desejavam Ptah e os de Tebas, Amon.

Amenófis IV, tentando neutralizar o poder religioso dos sacerdotes, não escolheu nenhum dos deuses sugeridos, mas sim, um deus até então secundário, Aton (“Raios do Sol”).

O conflito com os sacerdotes de Amon foi tão grande que Amenófis IV muda a capital do Egito e confisca todos os bens dos templos de Amon e repassa-os para Aton. Ele próprio muda seu nome, retirando Amon (Amenófis IV) e colocando Aton (Akhenaton).


Akhenaton, Nefertiti, e suas duas
filhas prestando homenagem a Aton
(Deus-Sol)


As reformas propostas por Akhenaton visavam a implantação do monoteísmo no Egito, em substituição ao panteão de deuses até então existentes. Imagens e inscrições de outros deuses foram todas destruídas, além do mais, a transferência da capital do país de Tebas para Akhetaton, foi uma forma de pressionar o povo a abandonar o politeísmo.

As reformas de Akhenaton não sobreviveram por muito tempo. Todo o tempo dele era dedicado à implantação das mudanças religiosas ocorrendo, daí, uma desintegração do Egito como império. Isto, combinado com a oposição dos sacerdotes politeístas, provocou o enfraquecimento de seu reinado.

Depois da morte de Akhenaton, a capital do país voltou a ser Tebas, bem como, os deuses anteriores restabelecidos.

Cabe ressaltar que Aton, idealizado por Akhenaton, foi o primeiro deus verdadeiramente ecumênico, não apenas dos egípcios, mas de todos os homens. Em última análise, Akhenaton tinha uma visão mais holística que Moisés, que pregava um deus único pertencente aos hebreus somente.
Akhenaton é considerado o fundador da Ordem Rosa-Cruz.



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O Graal



Ao longo da história do cristianismo, a veneração por relíquias sagradas foi uma das mais corriqueiras demonstrações de fé vinculadas ao catolicismo. Esse tipo de experiência de fé visava reforçar materialmente a crença na história de vida dos santos e de Jesus Cristo. Por isso, principalmente a partir da Idade Média, as relíquias se transformaram em alvo da adoração e da constituição de várias lendas que descreviam os grandes poderes destes artefatos sagrados.

Em meio a tantas relíquias, o Santo Graal tem um significado especial, pois se trata de um suposto objeto utilizado por Cristo durante a Última Ceia. Ao longo do tempo, as interpretações e simbologias em cima desse objeto sagrado ganharam novas versões que, inclusive, inspiraram a narrativa do best-seller “O Código da Vinci”. Contudo, os estudos sobre o cristianismo primitivo em pouco contribuem para que essa crença se transformasse em realidade.

No primeiro século, os valores cristãos eram populares entre pessoas de origem humilde e que não tinham condições de ostentar nenhum tipo de luxo material maior. Por isso, caso o Santo Graal realmente existisse, não poderíamos imaginá-lo como um utensílio sofisticado e valioso. Além disso, os próprios relatos sobre a Última Ceia contidos nos evangelhos bíblicos não fazem nenhuma menção especial a qualquer objeto utilizado na última celebração entre Cristo e seus apóstolos.

No entanto, com o passar dos séculos, outros textos considerados sagrados foram responsáveis por articular a lenda que se criou em torno do Santo Graal. Em um desses textos, também conhecidos como evangelhos apócrifos, encontramos a menção de um cristão que, durante o julgamento e a crucificação de Cristo, teve o cuidado de zelar por utensílios supostamente utilizados pelo líder messiânico. Dessa maneira, estariam nesses relatos a origem do mito sobre o copo da Última Ceia, o Santo Graal.

Um dos responsáveis por dar continuidade ao mito do Graal foi um poeta medieval francês chamado Chrétien de Troyes. Em um de seus poemas épicos, Troyes contava a história de Percival, um camponês que se juntou aos cavaleiros do Rei Arthur e se lançou ao mundo em busca de aventuras. A certa altura da história, o cavaleiro Percival se depara resignadamente com uma procissão onde alguns cristãos carregavam valiosas relíquias, sendo uma delas “um graal”.

A história, que não teve prosseguimento pela morte de seu autor, diz em suas partes finais que o Graal avistado pelo cavaleiro tinha o poder de evitar várias intempéries. Apesar de mal explicada, a história do poeta francês foi importante para que o caráter divino do Graal fosse posteriormente explorado por outros escritores. Segundo alguns estudiosos, o termo “graal”, primeiramente utilizado por Troyes, faz referência a um tipo de prato raso, e não ao cálice que costuma simbolizar a famosa relíquia.

Algumas décadas após a morte de Troyes, a história por ele iniciada foi retomada por vários autores que reinventaram os destinos de Percival e o valor daquele graal. Em meio às reinvenções, os cavaleiros do rei Arthur perseguiriam o Santo Graal com o objetivo de curar e instruir o lendário rei Arthur. Entre os cavaleiros estava o puro Galahad, que ao encontrar a relíquia descobre importantes revelações sobre o mundo.

Na Idade Moderna, as famosas histórias do Santo Graal e das demais relíquias do mundo medieval se depararam com as críticas do movimento protestante. A crença e a compra das relíquias eram atacadas como um tipo de atividade contrária a outras mais importantes práticas cristãs. Contudo, a lenda conseguiu sobreviver ao longo do tempo e, no século XIX, foi relacionada com a Ordem dos Cavaleiros Templários, ordem religiosa criada no século XII com a missão de proteger a cidade de Jerusalém.

Essa interpretação histórica foi fundada a partir da leitura de um poema alemão intitulado como “Parzival”. Nessa obra, o graal é descrito como uma pedra protegida por um grupo de guerreiros chamados de “templeisen”. Anos depois, saberiam que esses indícios que ligavam o graal aos templários era fruto de uma interpretação errônea dos termos encontrados no poema alemão. Contudo, essa vinculação foi tomada como verdade durante um bom tempo.

No final do século XIX, em meio ao “boom” das descobertas arqueológicas, um grupo de pesquisadores resolveu imitar o fictício Percival, e assim saíram em busca do Santo Graal. Com o início da empreitada, vários “graais” foram encontrados e posteriormente desmascarados. No entanto, a lenda do graal ganhou um novo fôlego com o surgimento de grupos esotéricos que compreendiam o Santo Graal como um conjunto de textos sagrados de profunda importância religiosa.

A última e mais famosa versão sobre esse mito tenta levantar indícios pelos quais o Santo Graal, na verdade, faria uma truncada menção à expressão “sangue real”. Com base em tal premissa, acreditariam que o sangue real supõe a existência de uma linhagem de descendentes de Jesus Cristo que, segundo outras supostas fontes documentais, teria deixado herdeiros a partir de sua união com Maria Madalena. E assim, a lenda do graal cresce com novas, acalentadoras e instigantes promessas.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola



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A MAÇONARIA RUSSA

A MAÇONARIA RUSSA


O czar Alexandre I, maçom, havendo liderado a heróica gesta empreendida contra o seu irmão maçônico Napoleão I,1 a quem derrotou com o exército conduzido pelo marechal de campo Mikhail Kutuzov, também eminente franco-maçom, com base em um relatório sobre as atividades dos maçons russos elaborado pelo tenente general e senador Igor Kushelev (Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica Ástrea), decidiu proibir a Maçonaria na Rússia mediante o “ukase”2 de 1° de agosto de 1822, perante a surpresa geral de todo o mundo.

O que foi que aconteceu até lá?

A maçonaria contemporânea nasceu no dia de São João (24 de junho) de 1717 no salão de refeições da Taberna O Ganso Grelhado instalado no primeiro andar da Catedral de São Paulo em Londres, quando quatro Lojas decidiram vir a público para constituir a Grande Loja de Londres, anos depois da Inglaterra.

Por: EUGENIO TSCHELAKOW*
Esta matéria está dedicada à memória de René Guénon (1886-1951)


Vamos destacar algumas caraterísticas desse processo, já que se refletiriam posteriormente no desenvolvimento da maçonaria russa.

a) A Ordem (Instituição, Ciência ou Sociedade) como também é conhecida a Maçonaria entre os maçons, obviamente já existia antes de 1717. Assim, alguns historiadores afirmam que o imperador russo Pedro I “O Grande” foi iniciado na maçonaria, antes dessa data, pelo arquiteto Christopher Wren,3 restaurador da citada Catedral londrinense. Outros, dizem que o seu ingresso foi num navio militar inglês, o que era muito comum na época. Conforme afirma o escritor inglês Jasper Ridley (que não é maçom) Pedro I, após a sua volta a Rússia em 1698, mandou o seu ministro de confiança, o suíço François Lefort, que fundasse a primeira loja maçônica russa em São Petesburgo e que se fizesse Mestre dela.4

b) As Constituições Maçônicas de 1723, redigidas pelo reverendo James Anderson e aprovadas pela Grande Loja da Inglaterra, estabeleceram as normas e diretrizes da Instituição que vigoram ainda hoje, quais são:
– “Um maçom nunca será um ateu estúpido, nem tampouco um libertino irreligioso”. Conseqüentemente deve acreditar em Deus e na imortalidade da alma.5 A maçonaria russa sempre foi, e atualmente também o é, profundamente religiosa, como prova o fato de que o metropolita Filareto, certamente a personalidade moral, intelectual e espiritual mais importante que tenha dado o alto clero russo, militou ativamente na Ordem, como veremos mais adiante.

– “As discussões de ordem religiosa e política estão rigorosamente proibidas em Loja... Um maçom nunca deverá se envolver em motins e conspirações contra a paz e bem-estar das nações”. Desde o início, a Grande Loja da Inglaterra foi dirigida pelo mais alto nível da Coroa Britânica, fato que se mantém até os nossos dias, sendo o atual Grão-Mestre o Duque de Kent. Este exemplo se repassaria para a toda a aristocracia européia, como por exemplo: o rei da Prússia Frederico II O Grande, considerado Grão-Mestre e Protetor universal da Maçonaria; o imperador do Brasil Dom Pedro I; o rei da Suécia quem, até hoje, é o presidente da Maçonaria Sueca; Napoleão I e todos os seus irmãos; Fernando II rei do Portugal; Leopoldo I rei da Bélgica; os reis da Itália Vítor Manuel II e Vítor Manuel III; Estanislao Poniatovsky rei da Polônia; e outros. Escreve Jean Palou que existiriam evidências de que o rei Luís XVI (guilhotinado durante a Revolução Francesa) e seus irmãos, futuros reis Carlos X e Luís XVIII foram recebidos franco-maçons na Loja “Les Frères Unis”, constituída “ad-hoc” em Versalhes. No continente americano, sem nobres, porém ocupando o mais alto nível sócio econômico e político, destacados maçons tais quais George Washington, Benjamin Franklin, Francisco Miranda, Bolívar, San Martin, O’ Higgins, Artigas, José Bonifácio de Andrade, Gonçalves Ledo, Padre Hidalgo, Benito Juarez e José Martí, participaram ativamente da construção dos seus países. A Rússia não podia ficar à parte dessa tendência e foi assim como a maioria das elites de São Petesburgo, Kiev e Moscou participaram da Ordem. O historiador Nicolai Riasanovsky, citado por Richard L. Rhoda6 afirma que durante o reinado de Catarina II “A Grande” chegou-se aos 2.500 membros repartidos em mais de cem lojas de todo o país. Conforme a revista alemã “O Globo” existiam 145 lojas maçônicas no ano 1787, o qual colocava à Rússia dentre as principais potências maçônicas do mundo na época.

– “As Lojas estarão exclusivamente constituídas por homens”. Desde o início do seu reinado Catarina II, que governou Rússia por 34 anos (1762-1796), mantinha uma ativa correspondência com Voltaire e se entusiasmava com os princípios pedagógicos de Rousseau, consentiu o crescimento da maçonaria. Todavia, vários fatos perturbaram esse relacionamento: a aberta simpatia pela Ordem manifestada pelo seu marido e rival Pedro III; o ingresso em 1777 à Instituição -por convite do rei da Suécia Gustavo III - do seu filho e inimigo político o Grande Duque Paulo; a influencia na maçonaria do seu outro inimigo político o rei Frederico “O Grande”; o desmascaramento do pseudomaçom e charlatão Cagliostro numa sessão espírita realizada nos salões do príncipe Gagarin - o que motivou a Catarina escrever três comedias satíricas: “O xamã siberiano”, “O fabulador” e “O alucinado”.7 e finalmente, as maliciosas acusações do abade Barruel no sentido de que a maçonaria teria realizado a Revolução Francesa (o que é absolutamente falso, conforme Castellani, Assis Carvalho, Palou e outros), influenciaram negativamente no ânimo da imperatriz que, a princípio não proibiu os trabalhos nas Lojas, mas deu a entender aos nobres que já não aprovava que pertencessem a elas. Porém, o que mais incomodava a Catarina II era que não podia ser membro da Ordem pela sua condição de mulher; fato que também desgostava às demais mulheres importantes da época. Anos mais tarde, a esposa de Napoleão I, Josefina, resolveu o dilema filiando-se a uma Loja de Adoção (de mulheres; considerada irregular pela Grande Loja da Inglaterra), chegando a presidir em 1805 à Loja Imperial de Franco-Cavaleiros, de Estrasburgo, cuja Grã-Mestra era a Madame de Dietrich, esposa do prefeito da cidade em cuja casa foi cantada a Marselhesa pela primeira vez em 1792. Por outro lado, o embaixador sueco na Rússia, Conde Stedingk, escreveu que “Catarina sentia uma feminina repulsão contra a maçonaria”.

c) Contrariamente ao que supõe a maioria das pessoas, a Maçonaria não é unívoca; isto quer dizer que existem diversas obediências maçônicas, muitas às vezes enfrentando-se entre si e que praticam, por sua vez, distintos rituais durante os seus trabalhos em Loja. Estamos, pois, longe de uma única organização, com um único ritual e sob uma única liderança; por tanto não existe, nem nunca existiu um suposto governo maçônico universal. Estas divisões na Ordem refletiram-se na Inglaterra da segunda metade do século XVIII quando coexistiam duas Potências igualmente regulares: a dos “Modernos” cujo Grão-Mestre era o Duque de Kent (quem mais tarde seria o pai da rainha Vitória) e a dos “Antigos”, à frente da qual estava o Duque de Sussex. Foi em 1813 quando os dois irmãos conseguiram unificar ambas as Obediências, ficando à frente o Duque de Sussex e ocupando o cargo até a sua morte em 1843. Na Rússia a principal influência foi o sistema inglês e o seu maior impulsor foi o senador e conselheiro particular da imperatriz, Ivan P. Yelaguin (1725-1794) que em 28 de fevereiro de 1772 foi eleito Grão-Mestre Provincial do Império Russo (sob os auspícios da Grande Loja da Inglaterra). O seu rival era o “Sistema Zinnendorf” ou sueco, que chegou à Rússia via Berlim através de George Reichell, diretor da Escola Militar e que somente admitia nobres nas suas lojas. Já vimos que a este rito pertenceu o Grande Duque Paulo e teve muita repercussão pelo agregado (além dos três graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre da denominada Maçonaria simbólica ou azul) dos chamados Graus Templários ou Cavaleirescos, de marcantes características místico cristãs.8Em 1776 ambas as Obediências se unificaram tomando o nome de Grande Loja Nacional. Deve-se levar em conta que no século XVIII cada um quis forjar o seu próprio sistema maçônico, desde logo incorporando sempre à Maçonaria simbólica (de unicamente três graus), como pode ver-se nos rituais herméticos, cabalísticos e filosóficos e nas Ordens de Cavalaria.9

Sem prejuízo do acima escrito sobre Pedro “O Grande”, está documentado que a Maçonaria na Rússia aparece em 1731 quando o capitão John Phillips é designado Grão-Mestre Provincial da Rússia pela Grande Loja de Inglaterra. Em 1740 o mesmo título é outorgado ao futuro marechal prussiano James Keith, quem começou a atrair para a Ordem a jovens oficiais das melhores famílias russas. Um papel de destaque tiveram o professor Johan Eugen Schwarz, diretor do Instituto Pedagógico da Universidade de São Petesburgo e Nicolai I. Novikov (1744-1816), fundador do jornalismo russo. Ambos homens eram muito ilustrados e não somente trabalharam ativamente a favor da maçonaria como também influíram poderosamente na vida intelectual da sociedade russa. Todavia, isto não impediu que fosse ordenada a prisão de Novikov, o confisco dos bens de Mikhail Kutuzov e a clausura da atividade maçônica em 1794 por ordem imperial. Quando o czar Paulo I chegou ao poder em 1796, liberou a Novikov e outros maçons, porém oficialmente não revogou a proibição, talvez porque ele tinha se proclamado em 16 de dezembro de 1798 Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Malta, uma ordem que era rival dos altos graus maçônicos Templários. A maçonaria foi autorizada novamente pelo czar Alexandre I em 1805 por influencia de Ivan Boeber, membro da Academia Imperial de Ciências. Segundo Jasper Ridley, Alexandre I teria dito a Boeber: “O que me conta a respeito dessa Instituição está me sugerindo que não somente outorgue a minha proteção como que inclusive eu próprio deveria solicitar ser admitido entre os franco-maçons”.

Daí em mais, novamente se fundaram numerosas lojas nas quais ingressaram o Grande Duque Constantino (irmão de Alexandre I), o conde Estanislao Potocki, o conde Ivan Vorontzov (Venerável Mestre da Loja do Silêncio na qual também se iniciaram Sumarkov, o príncipe Alexandre de Württemberg, Alexandre Marischkin e outros membros da Corte). À Loja Palestina pertenceu Alexandre Ypsilanti, quem se destacou na luta contra os turcos pela libertação da Grécia. Também devem mencionar-se neste período o conde Roman Vorezov, tenente general Melissino, príncipe Nicolai Trubetzkoy, príncipe Gagarin, príncipe Dolgorouky, príncipe Golitzin, Nevitzky, Scherbatov, Mamonov e o príncipe Dashkov. O conde Alexandre Suvorov (1729-1800) herói militar que lutou na guerra contra os turcos, foi membro da Loja Aux Trois Etoiles de São Petesburgo e depois da Loja Zu den deir Kronen. O escritor e estadista Alexandre S. Griboyedov (1745-1813) foi membro da Loja Amigos Unidos em 1816. O herói das guerras contra Napoleão I, marechal de campo Mikhail I. Kutuzov (1745-1813) foi iniciado na Loja Zu den deir Schusseln (de Ratisbona); logo foi membro da Loja Trois Drapeux (de Moscou) e depois se filiou à Loja Dying Sphinx (de São Petesburgo), alcançando o sétimo grau do sistema maçônico sueco. Também deve citar-se o famoso compositor Dimitry S. Bortnyansky (1751-1825) autor de muitas músicas tanto religiosas quanto maçônicas.10

Em 1810 o Ministério da Polícia exigiu aos dirigentes da Maçonaria uma cópia das Constituições e rituais. Em 1812, após uma análise destes documentos, as autoridades constataram o alto patriotismo e o claro apoio à investidura do Imperador que professavam os maçons russos. No entanto, após a derrota de Napoleão I em 1814, 571 franco-maçons russos, incluindo 62 generais e 150 coronéis, confraternizaram maçônicamente com os seus irmãos franceses em Paris. Ao regressar a Rússia, segundo alguns autores, traziam consigo a semente contra o regime absolutista. O prestigioso investigador maçônico Boris Telepneff escreveu que existiam provas conclusivas de elementos perigosos infiltrados em algumas lojas russas.11 A mesma opinião teve o maçom Chefe da Polícia, IgorKushelev, quem recomendou que, ou as lojas deviam ficar sob controle do governo ou deviam ser fechadas. Como já fora referido, o czar optou por proibir a maçonaria, sentenciando –no meu particular entender e a título meramente especulativo- a sorte da monarquia russa um século depois, quando o comunismo tomou o poder em 1917 e assassinou a toda a Família Imperial. Esta idéia se baseia na seguinte tese: se a maçonaria não tivesse sido proscrita e, se em vez de assumir o reinado Nicolai I (o reacionário irmão de Alexandre I) o teria feito o maçom Constantino (o esposo da “Constituição”, como diziam os soldados) assumindo o caracter de protetor da Maçonaria Russa e estabelecendo uma monarquia constitucional, talvez a dinastia dos Romanov teria sido preservada e outro houvesse sido o destino do país.

A historiadora russa Tatiana Bakunin, citada por Jean-François Var e por Valerian Obolensky, reunindo provas documentais tratou de reconstruir a lista completa de membros da maçonaria russa desde os seus inícios até 1822. Ela estima o seu número em 4.000 ou 5.000 pessoas, tendo registrado documentalmente uma lista de 3.267 nomes, incluídos quatro metropolitas (prelados de metrópole), entre eles Filareto, dois arcebispos, cinco arciprestes e três arcimandritas (abades de mosteiro).

Em dezembro de 1825 teve lugar uma revolta contra as autoridades que depois seria conhecida como a “Revolução Dezembrista”. Alguns dezembristas eram maçons, como o coronel Batenkov, que foi deportado à Sibéria por 30 anos, porém a maioria não. Tal o caso do maior poeta russo Alexandre Pushkin, iniciado na Loja Oviedo em 4 de maio de 1821 sob o rito escocês.12 Todavia, os seus poemas lhe valeram o exílio, como o dedicado a Chaadaev, que finaliza dizendo: “And on the ruins of autocracy / Will inscribe our names”. É interessante salientar que esta Loja Oviedo não foi clausurada pelo “ukase” de Alexandre I porque se aceitou que a sua jurisdição pertencia à maçonaria da Romênia.

O czar Nicolai I confirmou, em 21 de abril de 1826, o decreto proibindo a franco-maçonaria, ficando restrita ao âmbito clerical e intelectual. Inicia-se para a maçonaria russa uma longa noite onde é muito difícil rastrear o funcionamento de lojas neste período, que está registrado pelo escritor Aléxis Pissensky (1821-1883) em seu romance “O Maçom”. Segundo Telepneff, sempre houve lojas em Kiev, Poltava, Odessa e outras cidades do interior.

Particularmente interessante resulta a postura do escritor Leon Tolstoi. Lembremos que em seu romance “Guerra e Paz” o conde Pierre Bezukhov é aceito na maçonaria, cuja cerimônia ritualística está descrita com todos os detalhes, sem por isso revelar qualquer segredo maçônico. O Venerável Mestre da Loja lê a Pierre umas palavras de boas-vindas, cuja parte principal diz: “Em nossos templos, não conhecemos outros graus salvo os que estão entre o vicio e a virtude. Cuida em não criar uma diferença que possa perturbar a igualdade. Socorre aos irmãos, quaisquer que eles sejam. Levanta o que cair e não alimenta jamais algum sentimento de cólera ou de ódio contra um irmão. Sê benevolente e afável; provoca em todos os corações o fogo da Virtude. Divide tua felicidade com teu próximo e que a inveja não perturbe jamais esse prazer puro. Perdoa a teu inimigo; não te vingues nunca, a não ser refazendo o bem. Cumprindo assim a lei suprema, encontrarás os traços da grandeza antiga que tinhas perdido”. (Guerra e Paz, parte V cap. IV Ed. Ediouro, Rio de Janeiro). A época na qual se desenvolve esta história é nas vésperas das guerras contra Napoleão. Alguns autores dizem que Tolstoi, para descrever o ritual de iniciação, baseou-se nos documentos seqüestrados pela polícia quando da clausura das Lojas em 1822. Outros afirmam que ele mesmo foi maçom (como o seu parente conde general Alexandre Ostermann Tolstoi, que se sobressaiu na batalha de Borodino contra as tropas napoleônicas) e por isso pôde escrever tão detalhadamente sobre o assunto. Todavia, a pesar de que Tolstoi figure como ilustre maçom nas listas de algumas Lojas (como por exemplo, dos Estados Unidos), entendemos que não o foi. Nesse sentido, o historiador especializado na biografia de Tolstoi, Walter Moss, da Eastern Michigan University nos enviou uma correspondência via correio eletrônico dizendo que: “ No, (he was not a mason), but he was interested in it when he was writing War and Peace because freemasonry attracted many intellectuals in the 1805-1820 period when the novel is primarily set...and (Tolstoi) wrote to his wife when he was working on it in 1866 that the Masons were all imbeciles”.

Um capítulo especial merece o relacionamento da maçonaria russa com a Igreja. Nesse ponto, vamos seguir principalmente a opinião de Jean-François Var, historiador maçom e Diácono da Igreja Ortodoxa da França.13 Diz este autor que não há nem pode existir uma posição oficial, única e unânime da Igreja Ortodoxa perante a maçonaria como tampouco frente às demais questões colocadas no mundo, pois a Igreja Ortodoxa, diferentemente da Igreja Católica romana, não está constituída unitariamente. Qualquer definição dogmática deve provir de um concílio ecumênico e só foram realizados sete, entre os anos 325 e 787. Obviamente, neles nunca houve um pronunciamento sobre a maçonaria. Logo depois veio o cisma de 1054 que dividiu a Cristandade em um Oriente Ortodoxo e um Ocidente Católico. A Igreja Russa, subordinada a Constantinopla, ficou independente em 1448, declarando-se autocéfala e elegendo o seu primeiro metropolita: o de Moscou. Assim nasceu a idéia de que a “primeira Roma” era herética, a segunda (Constantinopla) tinha caído nas mãos dos turcos, então Deus havia suscitado uma “terceira Roma”: Moscou, e um novo imperador para defender a verdadeira Fé. Foi quando os príncipes moscovitas assumiram o título de “czar” (César em russo) e consideraram que tinham legítimos direitos a assumir como próprio o símbolo da Águia Bicéfala (tão caro ao simbolismo dos últimos altos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria).14 Em 1589 a Igreja se transformou em patriarcado e a Pentarquia Ortodoxa ficou assim constituída: Constantinopla, Alexandria, Antioquia, Jerusalém e Moscou. A maçonaria que se desenvolveu nos quatro primeiros territórios sofreu, na sua dupla condição de maçônica e cristã, a perseguição por parte da dominação turco-otomana. Na Ortodoxia Russa, ao contrário, achou um campo fértil para sua expansão, sobretudo a partir de 1776.

Constitui um fato de grande importância que Filareto pertencera à Maçonaria. Como metropolita de Moscou ocupava a sede mais elevada da Igreja Russa; teria sido Patriarca se esse titulo não houvesse sido suprimido por Pedro I. Ocupou o cargo brilhantemente durante 40 anos. Foi filólogo, especialista nos Padres da Igreja (sobretudo gregos), conhecedor da escola espiritual francesa do século XVIII, de Fénelon (prestigioso escritor e arcebispo católico de Cambrai) e renovara na Rússia os estudos eclesiásticos. Realizou a tradução da Bíblia para o idioma russo (de 1816 a 1820) patrocinado pela Sociedade Bíblica na qual colaboraram muitos maçons ilustres. Todo isto sugere que houve na Rússia uma verdadeira interação e quase uma simbiose entre a maçonaria e a religião, o melhor ainda, a Igreja mesma. E se, como vimos, a maçonaria foi proibida em duas ocasiões, foram por motivos políticos nos quais a Igreja não teve nada a ver. Infelizmente, em 1822 finalizou uma época excepcional que foi testemunha deste raro fenômeno: um movimento espiritual (a maçonaria) vindo do exterior tinha logrado que a alma nacional russa voltasse às suas raízes já quase esquecidas. Se existiu tal harmonia entre a Maçonaria e a Ortodoxia russas, talvez fosse pelo caráter místico dessa maçonaria e a que o próprio Cristianismo Ortodoxo seja místico por natureza.

Por estas razões as igrejas ortodoxas nunca condenaram, seja em conjunto, seja individualmente, à maçonaria. O Patriarca Atenágoras I foi maçom grau 33° diferenciando-se dos pontífices da Igreja Católica romana que sim o fizeram várias vezes desde que o Papa Clemente XII ditou a Bula “In eminenti” em 28 de abril de 1738 proibindo aos católicos se filiarem à maçonaria sob pena de excomunhão; norma do direito canônico que surpreendentemente continua vigorando em pleno século XXI conforme declaração do Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (ex Inquisição), Cardeal Joseph Ratzinger, ratificada pelo Papa João Paulo II em 26 de novembro de 1983, e nunca revogada até hoje.

Chegamos agora nos inícios do século XX. Em 1906 destacavam-se em São Petesburgo a Loja Estrela Polar e em Moscou a Loja Renovação. Esta maçonaria estava composta por intelectuais, burgueses, liberais, cientistas, escritores, militares, clérigos, alguns nobres, etc. Uma das lojas estava constituída unicamente por oficiais de idéias liberais e outra exclusivamente por deputados (KaDets). Antes da revolução bolchevique de 1917, existiam trinta Oficinas que logo depois desapareceram perseguidas pelo comunismo. Leon Trotsky chamou a maçonaria de “uma concepção ideológica burguesa contrária aos interesses da ditadura do proletariado que tende a estabelecer um Estado dentro do Estado”. Nesta mesma linha, o IV Congresso da Internacional Comunista declarou: “A Maçonaria é o engano mais infame que lhe faz ao proletariado uma burguesia inclinada para o radicalismo. Temos a necessidade de combati-a até o extremo”. Com efeito, a maçonaria russa foi exterminada totalmente durante a ditadura comunista. E pensar que houve quem acreditasse que a maçonaria fosse a vanguarda internacional do bolchevismo! Nada mais errado: esse comunismo torturou e assassinou mais maçons do que todas a perseguições realizadas pela Inquisição contra membros da Ordem. O escritor Valerian Obolensky apresenta uma extensa lista de maçons russos que conseguiram fugir ao exterior após a revolução comunista,15 entre eles: príncipe Vladimir Obolensky; príncipe Vladimir Bariatinsk; Peter Bark (último Ministro da Fazenda do czar Nicolai II); Ossip Bernstein, maestro internacional de xadrez; príncipes Paul e Peter Dolgoroukov (executados no exterior por comunistas russos); Grande Duque Alexandre (Sandro) Romanov; Marc Chagall (artista); Alexandre Davidoff (descendente dos “dezembristas” Trubetzkoy e Davidoff); Alexandre Naumov (Ministro da Agricultura do czar Nicolai II); Kristof Kafián (músico, presenciou a clausura da ultima Loja russa em Paris em 1971; disse “estamos cansados”); príncipe Grigory Lvov; e outros. Resulta um paradoxo que hoje em dia os comunistas russos responsabilizem à maçonaria do colapso da antiga União Soviética, acusando a Gorbatchov e a Yeltsin de serem maçons.

Como todo o mundo sabe o comunismo implodiu no final dos anos oitenta e então, pouco a pouco, começaram a surgir as oficinas maçônicas nos países que tinham vivido sob a Cortina de Ferro. No dia de São João do ano 1995, no edifício do Sindicato de Professores de Moscou, sob os auspícios da Grande Loja Nacional da França, procedeu-se a reinstalação da Grande Loja da Rússia, após 173 anos de proibição governamental. Os maçons russos presentes eram cientistas, oficiais do Exercito e da Marinha, jornalistas, escritores, homens de negócios e acadêmicos, representando, como seus colegas ingleses em 1717 as quatro Lojas fundadoras: “Harmonia” e “Nova Ástrea” de Moscou; “Gamaioun” de São Petesburgo y “Lotus” de Voronezh. A “tenida” (em espanhol: reunião de maçons) foi presidida pelo Grão-Mestre da França Claude Charbounniaud e logo em seguida foi eleito Grão-Mestre Georgy Dergachov, pessoa muito ligado às autoridades da Igreja Ortodoxa Russa pela sua condição de Professor de Filosofia Religiosa da Universidade de Moscou.16 Como Grão Secretário foi eleito Vladimir Djangurian. A Grande Loja da Rússia é, com seus onze fusos horários, a maior jurisdição territorial maçônica do mundo e está reconhecida, entre outras, pelas Grandes Lojas de Portugal, Nova Iorque, Alemanha, Áustria, Hungria e França. Em 6 de julho de 1996 foi instalado em Moscou o Supremo Conselho de Soberanos Grandes Inspetores-Gerais do Grau 33° do Rito Escocês Antigo e Aceito, estando presentes os Soberanos Grandes Comendadores da Bélgica, Brasil, Turquia, Polônia, Romênia e Irã no exílio. Como primeiro Soberano Grande Comendador de Rússia foi instalado Vítor Kouznetsov, 33°.

Finalmente, no ano do ressurgimento da Ordem em Rússia, quem visitou a imponente Catedral de Kazan, com sua fachada similar à Basílica de São Pedro no Vaticano,17 pôde apreciar em seu interior uma sala destinada à exibição de objetos maçônicos. Eram mais de cem artigos entre livros, estandartes, malhetes e aventais. Nenhum lugar simboliza melhor a maçonaria russa do que a Catedral de Kazan: em sua cripta, o General Kutuzov, pai da Pátria, havendo servido lealmente ao seu Imperador, descansa no Oriente eterno junto as três Luzes que guiaram a sua vida: A Rússia, a Igreja e a Maçonaria.



NOTAS E BIBLIOGRAFIA
* Artigo revisado e corrigido pelo Ir.: ANTONIO AGUIAR DE SALES: Venerável Mestre da A.:R.:B.:L.:S.: LIBERDADE n. 1 da Grande Loja Maçônica da Bahia, Brasil.
1 Jean Palou, escritor e maçom, pertencente à corrente Tradicional do pensador metafísico René Guénon, em seu livro “A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática”, Ed. Pensamento, São Paulo, conclui que Napoleão I fora iniciado na maçonaria quando era tenente de artilharia em Itália e teria pertencido à Loja egípcia de Hermes e também ao Rito Escocês Retificado da Obediência do Grande Oriente de França. Em contra, Jasper Ridley.
2 Ukase: decreto imperial em idioma russo. Por incrível coincidência, nesse mesmo ano de 1822 (25 de outubro) outro imperador maçom, o brasileiro Dom Pedro I quem, a pesar de ter o grau 33° e ser Grão Mestre do Grande Oriente Brasílico, também proibiu a maçonaria no seu país.
3 History of Russian Freemasonry, de Dennis Stocks, da Barron Barnett Lodge, em Casebook, documento publicado em Internet, junho de 1977; http://ripper.wildnet.co.uk/russianfm.html (novo url)
4 Los Masones, de Jasper Ridley, Ed. Vergara, Buenos Aires. A respeito de Alexandre I, este autor afirma que o czar foi nomeado Grão Mestre de honra da maçonaria da Polônia durante um banquete maçônico celebrado em Varsóvia em 1815. A Grande Loja da Rússia, na sua página em Internet (versão em russo) diz apenas que existem evidencias de que Alexandre I teria pertencido à Ordem.
5 As Constituições de Anderson e Pérolas Maçônicas V2, Ed. A Trolha, Londrina.
6 Russian Freemasonry: a new dawn, de Richard L. Rhoda, da Maine Lodge of Research AL 5981, documento publicado em Internet, junho de 1996; http://members.aol.com/houltonme/rus.htm
7 Los Masones ante la Historia, de Eugen Lennhoff, Ed. Diana, México.
8 John J. Robinson, que não é maçom, em seu livro Nascidos em sangue, afirma que a maçonaria é a continuação da Ordem dos Cavaleiros Templários.
9 “Los altos grados masónicos”, de René Guénon, revista La Gnose, Paris (1910), traduzida ao espanhol pela revista SYMBOLOS de Guatemala.
10 Grande Loja da Rússia, em Internet: http://freemasonry.narod.ru (novo url)
11 “Freemasonry in Russia”, de Boris Telepneff, revista Ars Quator Coronatorum, V 35, 1922, da Quator Coronati Lodge N° 2076 de Londres, citado por diversos autores.
12 "Masonería en clásicos rusos y alemanes", revista Símbolo, Buenos Aires.
13 Masonería y Religión, de José Benimelli, Ed. Universidad Complutense de Madrid, Cap. “La Iglesia Ortodoxa y la Masonería” por Jean-François Var.
14 Conforme correspondência particular enviada por Eduardo Seleson, maçom 32º REAA
15 Russians in exile, de Valerian Obolensky, livro publicado em Internet, maio de 1997; http://www.geocities.com/SoHo/Studios/5254/dias13.html
16 “The Grand Lodge of Russia”, de Peters Waters, em Masonic Square, documento publicado em Internet, junho de 1996;
http://users.iol.it/fjit.bvg/glrussia.html
17 "La Masonería en Rusia", de Max Grieben, revista Símbolo, Buenos Aires




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Graus simbólicos próprios

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
"Nasceu sem graus simbólicos próprios..."


Por que 1804?

O nome Rito Escocês Antigo e Aceito foi anunciado para o mundo maçônico após a criação do primeiro Supremo Conselho em Charleston, Estados Unidos, em 31 de maio de 1801.

Em 4 de dezembro de 1802, uma circular levou ao conhecimento dos maçons, principalmente europeus, a criação do Conselho-Mãe em Charleston, na Carolina do Sul, denominado Supremo Conselho dos Soberanos Grandes Inspetores Gerais, 33º e último Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito.



Antes de 1801, fora fundado pelo Conde de Grasse-Tilly, um Supremo Conselho nas Índias Ocidentais Francesas, com 33º graus. Entretanto, esse Supremo Conselho foi ignorado e abafado pelo Supremo Conselho norte-americano, que conseguiu fazer-se constar como o Supremo Conselho-Mãe do Mundo.

Nos três primeiros anos de vida do Supremo Conselho norte americano, o Rito Escocês Antigo e Aceito permaneceu sem ritual próprio. Os Altos Graus funcionaram com os Graus de Perfeição do Rito de Heredom, acrescentados dos oito novos graus que totalizavam os 33º. Os novos graus não eram Iniciáticos e ganharam conteúdo mais administrativo que litúrgico. Os Graus Simbólicos, na época conhecidos como Maçonaria Azul foi os da ritualística, norte americanos.

O segundo Supremo Conselho criado foi o de France, em 1804, quando também foi confeccionado o primeiro ritual dos graus simbólicos do Rito, o “Guide des Maçons Écossais”. Foi idealizado pelos maçons franceses, apelidados de “escoceses”, que fundaram nesse mesmo ano, 1804, uma nova Obediência Maçônica em Paris: a “Grande Loja Geral Escocesa”, mais uma Loja-Mãe do Rito Antigo Aceito, um modelo ritualístico recebido dos maçons integrantes da Grande Loja dos “Antigos” de Londres. A Grande Loja Geral Escocesa de Paris uniu particularidades do Rito Antigo Aceito, de origem operativa, praticado na Escócia, com a natureza hebraica do Rito de Perfeição e organizou um ritual para os graus ditos simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Lojas-Mãe Escocesas na França

Assim como no presente se associa naturalmente Supremo Conselho com Rito Escocês Antigo e Aceito, pode-se considerar a mesma associação no passado entre maçonaria azul e as Lojas-Mãe Escocesas. Na França, a primeira Loja-Mãe Escocesa foi a de Marselha, criada em 1751, coincidindo com a fundação da segunda Grande Loja em Londres, que se declarou dos “Antigos Maçons”. A segunda Loja-Mãe na França foi a de Avinhão e a terceira, a Grande Loja Geral Escocesa, já referida, criada em Paris, em 1804, para organizar o ritual que serviu para os três graus básicos dos 33º da vertente latina do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Rito Escocês Antigo e Aceito nasceu sem graus simbólicos próprios

O Supremo Conselho fundado em 1801, nos Estados Unidos, veio para organizar a maçonaria praticada nos chamados Altos Graus, entre os quais estavam os do Rito de Heredom, criado a partir de 1758 e usado como referência para a criação do Rito Escocês Antigo e Aceito. O novo Rito se constituiu literalmente de 33º graus. Na prática, dos 33º graus, o Supremo Conselho de Charleston interessou-se em comandar do 4º ao 33º, não se envolvendo com os três primeiros para evitar conflito com a maçonaria norte americana das Lojas Azuis. Desistiu de qualquer tipo de ingerência nos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre do Rito Escocês Antigo e Aceito. E com essa mesma concepção, o Rito chegou à França, em 1804, através do Supremo Conselho fundado em Paris, dentro do Grande Oriente de France, que tinha o Rito Moderno, ou Francês, como oficial. Inicialmente, o Supremo Conselho de France manteve o mesmo modelo de seu precursor americano: deixou os graus simbólicos para a Grande Loja Geral Escocesa, criada também em 1804, para organizar os graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito, que funcionou, ao exemplo do Supremo Conselho, dentro do Grande Oriente de France. A partir de 1816, com o desaparecimento da Grande Loja Geral Escocesa, o Grande Oriente assumiu as atribuições do simbolismo escocês antigo na França e, ao fazê-lo, diminuiu a autoridade do Supremo Conselho sobre o número de graus, criando, sob sua jurisdição, as Lojas Capitulares, que trabalham dos graus 1º ao 18º do Rito Escocês Antigo e Aceito. Nessa ocasião, lançou um novo ritual para as Lojas Capitulares, em 1820, implantando diversas alterações no ritual de 1804.

O ritual de 1804, em linhas gerais, reproduz os procedimentos praticados pelos maçons da Grande Loja dos “antigos” de Londres. Algumas diferenças foram inevitáveis para conciliarem a ritualística da maçonaria azul dos “antigos” com o simbolismo fundamental dos Altos Graus. Por isso, o Primeiro Vigilante foi deslocado do centro do Ocidente, em frente ao Venerável Mestre, para junto da Coluna do Norte e o Segundo Vigilante trazido do meio da Coluna do Sul para a ponta da mesma Coluna ambos, lado a lado no Ocidente. A nova distribuição das Luzes no Templo compatibilizou-as com a encontrada nos graus acima do 3º, os Graus de Perfeição recolhidos do Rito de Heredom.

As duas vertentes de influência no Rito

A idéia de um rito maçônico originário do movimento de criação dos Supremos Conselhos a partir dos Estados Unidos da América, que ganhou o nome de Rito Escocês Antigo e Aceito, se apoiou na certeza de que o importante no arcabouço do Rito seriam os Altos Graus. A maçonaria azul teria o papel apenas de base do edifício, servindo de arregimentadora de pretendentes. O primeiro Supremo Conselho concebeu o Rito com 33º graus, mas deu aos três primeiras importâncias mínimas, não lhes revestindo da roupagem própria do escocesismo. Aproveitou o que já existia no país e sobre eles montou a estrutura principal do 4º ao 33º. Presentemente, considera-se que essa foi a vertente anglo-saxã do Rito Escocês Antigo e Aceito, que permanece sem rituais próprios para Aprendiz, Companheiro e Mestre. Nos Estados Unidos o Rito existe do grau 4º para cima. Não há Loja especializada em trabalhos simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito.

A existência de duas influências ritualístico-institucionais foi materializada após a chegada do Rito na França. Até 1813, as Lojas-Mãe Escocesas lideraram a maçonaria azul na França e mantiveram a ritualística sem alterações. A fusão das duas Grandes Lojas inglesas, a dos “modernos” e a dos “antigos”, na atual Grande Loja Unida da Inglaterra, enfraqueceu a posição das Obediências que preservavam a ritualística dos “antigos”, como foi o caso das Lojas-Mãe Escocesas, que desapareceram nos anos seguintes. Quando o Grande Oriente de France assumiu os Graus Simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito e criou as Lojas Capitulares, estabeleceu um segundo modelo de funcionamento e jurisdição para o Rito. Os Altos Graus se constituíram do 19º ao 33º sob a hegemonia do Supremo Conselho e os graus abaixo desses ficaram sob a autoridade do Grande Oriente. As divergências entre o Supremo Conselho de France, de um lado, e os Supremos Conselhos dos Estados Unidos e da Inglaterra, de outro, dividiram o Rito Escocês Antigo e Aceito em duas vertentes; uma ortodoxa, a anglo-saxônica, e uma heterodoxa, latina ou francesa. Foram alterados alguns procedimentos ritualísticos, símbolos e até a concepção interna do Templo. Uma das principais modificações foi a implantação de um desnível que passou a caracterizar o Oriente como uma região geográfica delimitada e não mais constituída apenas pelo Venerável Mestre. A cor igualmente foi trocada. O azul da maçonaria azul cedeu lugar para o vermelho do Grau Rosa-Cruz, o mais elevado da Loja Capitular, e os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre passaram a fazer parte de uma denominação nova; o simbolismo, que recebeu o vermelho. O simbolismo substituiu a maçonaria azul. Assim se formou a vertente latina do Rito Escocês Antigo e Aceito. Mais tarde, os Supremos Conselhos do mundo inteiro reivindicaram o retorno para o sistema inicial, ou seja, com poderes sobre o conjunto de graus a partir do 4º e se estendendo até o 33º, ocasionando o desmantelamento das Lojas Capitulares.

No entanto, as cores permaneceram as duas, dependendo da vertente e a ritualística também, pois o simbolismo da vertente latina é diferente da vertente anglo-saxã.


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O ARCO MÍSTICO

O ARCO MÍSTICO

"Simbolismo de uma Catedral"
Obs: Sempre gosto de "negritar" as partes que considero interessantes, nesse texto começei e logo parei, todo ele é muito interessante.

 
Simbologia Mística
(Ela não é um edifício administrativo, mas um corpo vivo de "pedras que falam")
Antes de entrar no simbolismo da Catedral, é obrigatório parar um pouco sobre o termo "gótico" empregado nesta arte edificatória.
Uma explicação curiosa, no limite da fantasia é a de Fulcanelli, que diz:
"Alguns pretendem, levianamente, que esta palavra derive dos Godos, antigo povo da Alemanha. Outros, que também é a opinião da Escola Clássica, crêem que, pela sua originalidade, esta arte, que fez escândalo nos séculos XVII e XVIII, fosse chamada por escárnio, impondo-lhe um nome sinônimo de bárbaro.

Na verdade, existe uma razão obscura que deveria fazer refletir nossos lingüistas que estão sempre pesquisando a etimologia. A explicação vem de fato pesquisada na origem cabalística da palavra.
Alguns autores perspicazes perceberam a semelhança que existe entre gótico e goético, pensaram que deveria haver uma estreita relação entre Arte Gótica e Arte Goética, ou mágica. Os iniciados sabem, porém, que Art Gotique não é outra que uma deformação da palavra artgotique, cuja homofonia é perfeita, conforme as leis fonéticas que regulam a Cabala.

A Catedral é, portanto, uma obra prima da ART GOTH, ou do ARGOT. Os dicionários definem o ARGOT como a linguagem particular daqueles indivíduos que se interessam em trocar suas opiniões sem serem compreendidos pelas pessoas ao redor, como uma linguagem cifrada, uma verdadeira Cabala falada."


As civilizações tradicionais sempre tiveram como objetivo conciliar o mutável com o imutável, o solvente com o coagulante, porque a harmonia entre os contrários é o primeiro passo verdadeiro da Iniciação e a primeira operação da Grande Obra Alquímica. O ensinamento tradicional é claro: existem duas "cidades". Aquela do céu e aquela da terra, aquela de Deus e aquela dos homens, a Jerusalém Celeste e a Jerusalém Terrestre. A Catedral, que tem a sua base na Terra e se alça em direção ao céu, é o símbolo vivente da unidade criativa do Grande Arquiteto do Universo.

O iniciado constrói na Terra a sua Catedral para que o mundo de baixo seja correspondente àquele do alto. A Catedral torna o Universo perceptível, porque é organizada segundo o Verbo e não segundo um racionalismo qualquer. Ela não é um edifício administrativo, mas um corpo vivo de "pedras que falam". Os Mestres aprendiam desde o início as leis da Harmonia. Através da iniciação eles tinham acesso a um estado interior necessário para compreender esses valores harmônicos.
Conseqüentemente a profissão aprendida através dos anos permitia manifestar-se na pedra, e seu percurso espiritual transitar nos símbolos que velavam, mas não escondiam, o caminho a seguir. As Catedrais são bússolas, pontos de referência na floresta dos símbolos, que falam claramente só a quem transmutou seu modo de raciocinar e de pensar. A Catedral, nas suas esculturas e na sua geometria, contém realmente o alfabeto necessário para decifrar o livro sagrado que encarna. Livro aberto, porque ofertado à visão de todos, mas livro fechado se nosso pensamento e nossa vida não estão em harmonia com a mensagem que ela transmite.

Em todo o mundo antigo e tradicional as partes de um Templo tinham um simbolismo próprio, um significado preciso que unia Arquitetura e Consciência.
É curioso notar que todas as Catedrais Góticas do século XIII são dedicadas a Nossa Senhora, isto é, à Virgem. E é mais curioso ainda que a localização destes edifícios sagrados nos permitem traçar, sobre a Terra da França, quase com perfeita correspondência, a constelação da Virgem, tal e qual se vê no céu. Isso explica como em um pequeno burgo, como devia ser Chartres em 1200, tenha sido construída uma esplendida e caríssima Catedral. Houve tempos em que as câmaras subterrâneas dos Templos serviam como morada da Ísis Negra. É notório como o simbolismo da Ísis dos Pagãos foi absorvido pelo cristianismo da Virgem Maria. As estátuas negras da Ísis se transformaram nas estátuas das Virgens Negras que reencontramos nas criptas das Catedrais Góticas. Tanto umas como as outras mostram em sua base a inscrição que encontramos na Virgem Negra de Chartres – Virgem grávida – a Virgem parturiente, cujo significado, nem mesmo tão escondido, se pode comparar ao da terra antes de ser fecundada pelos raios do sol.



A planta de uma Catedral é sempre em forma de cruz. O braço horizontal corresponde aos equinócios e aos solstícios, enquanto o braço vertical corresponde a um simbolismo polar, aos pólos com relação ao plano do equador. A consciência da planta em cruz nos permite ler o mundo, perceber a arquitetura.
No centro da cruz, no ponto de encontro entre a horizontal e a vertical, o homem se encontra no centro do mundo, mas também do seu ser. Não é por acaso que neste ponto das Catedrais Góticas se situa o altar-mor.
Em todas as Catedrais Góticas se nota um curioso fenômeno:
O eixo da nave central não é o prolongamento exato do eixo do coro. Esse desvio do eixo não é devido a um erro do projeto, mas sim proposital. Esse é um símbolo já presente no antigo Egito, onde o exemplo mais evidente é o Templo de Luxor. O desvio do eixo é uma espécie de ruptura, uma fronteira invisível entre duas ordens de realidades diversas. Uma ruptura entre a nave, lugar da consciência racional e o coro, lugar da consciência absoluta. A simetria é morte, a assimetria é vida, afirma o pensamento pitagórico. O desvio do eixo é uma das manifestações mais claras de uma assimetria criativa que desvia a linha diretamente da razão.
As Catedrais, como outros edifícios sagrados, são rigidamente orientadas com o abside para
o leste, ponto geográfico onde nasce o Sol.
Ao norte, onde tudo é escuridão, tem sempre um portal rico em simbologia relativa ao início da vida iniciática. É no portal norte da Catedral de Amiens que os alquimistas se reuniam para discutir sobre o início da Grande Obra.
A oeste, freqüentemente se encontram baixos relevos sobre o juízo universal e
no sul uma grande rosácea que faz filtrar a luz do sol em toda a sua força.
Externamente os portais são colocados uns sobre os outros, em um átrio coberto, onde se colocavam os profanos antes do batismo. Lugar ainda não sagrado, mas não mais pertencente ao mundo profano, último aviso a criar em nós um estado interior consoante com a espiritualidade do interior do Templo.

A nave, como bem exprime a palavra, é arquitetonicamente um navio ao contrário. É o símbolo da Arca onde embarcaram os Sábios para viajarem através da luz.
A nave encarna a razão, não no sentido moderno do termo, mas no sentido tradicional, isto é, a soma das leis que constituem o Sagrado. Quem percorre a nave já está no caminho e pisa um pavimento, hoje em dia completamente refeito, mas que era originalmente um mosaico branco e preto para evocar a dualidade do nosso mundo.


No início do pavimento da nave central era colocado o Labirinto. Quase todos foram destruídos, mas em Amiens (refeito) e em Chartres (original) ainda permanecem a testemunhar uma sabedoria secreta. No calçamento das nobres igrejas, são um símbolo de uma riqueza inesgotável. Geralmente de forma circular, eles existem também na forma octogonal e quadrada. Têm sua origem no Labirinto de Creta, arquétipo da mitologia grega, onde o rei Minos faz aprisionar o Minotauro, metade homem, metade touro, filho da traição de sua mulher e rainha, Pasífae. Dédalo, arquiteto do labirinto de Creta, o construiu cheio de corredores que se entrecruzavam e de aposentos dispostos de tal maneira que quem neles entrasse não mais conseguiria sair.

Dédalo foi o arquiteto inspirador que na Idade Média serviu de modelo a todos os construtores. Há representações nos lugares da construção do labirinto, como na catedral de Reims,
de uma figura que representa o mestre de obras, verdadeiras charadas como se fossem assinaturas de um feito.

Colocados nas portas das cidades fortificadas ou no eixo central das Catedrais, os labirintos estavam para proteger dos inimigos e das influências malignas.

Eles permitem que, ao caminhar em direção ao seu centro, como uma viagem iniciática, possa, em um exercício avançado e introspectivo, desenvolver o seu "eu", oculto para um não iniciado, mas também de conhecimento superficial para os iniciados que não se aprofundam. Fica inacessível e de certa forma interditado àqueles que não estão qualificados, notadamente porque demonstram estarem perdidos ao caminhar dentro do labirinto.



O gótico é um sistema arquitetônico que se baseia naquilo que chamamos volta em cruz.
A ogiva em cruz se baseia no princípio da transformação dos esforços laterais em esforços verticais. É um conjunto de impulsos dado à pedra para que a abóbada não pese muito, mas se lance do alto através dos contrafortes laterais. O monumento gótico exige a existência de uma proporção perfeita entre peso e esforços.

É o objetivo sublime de aproximar o homem de Deus Todos os detalhes são estudados para que possa lograr um sucesso esplendoroso:gigante como o paraíso na terra, capaz de abrigar toda a população de uma só vez toda uma vila , a catedral de Chartres por exemplo abrigava 10.000 pessoas, alta com 37 metros de altura estar bem perto do céu de abobadas curvas, azuis construídas para onde nasce o sol, de onde vem a luz.

Fiéis entrando pelo ocidente caminhando para o oriente deixavam para trás o julgamento final,representado pelo portal ocidental. Morriam para a vida pecadora terrestre e nasciam para a vida celestial, sublime indo ao encontro do Criador.
As catedrais exigiam muita luz porque Deus é luz - As paredes rasgadas, os vitrais crescentes e todo um conjunto potenciava energia cósmica

A rosácea é a primeira representação luminosa da transfiguração, representada pelo sol, Cristo, a roda da vida, a origem e o planejamento da existência do homem.embora ñ emanava luz visível, mesmo assim talvez fosse a mais importante.obras primas inigualáveis da arte vitral, ensinam dois elementos essenciais do pensamento: andar da periferia para o centro e vice-versa. A sua imobilidade é só aparente, na verdade elas estão sempre em movimento de acordo com os ciclos eternos do Cósmico. Eles são o símbolo não só da roda, mas também da rosa mística que representa a ação do fogo alquímico. E é por isso que os arquitetos góticos procuraram transferir para as rosáceas de pedra uma imagem de fogo em movimento sobre a matéria. O coro da Catedral é comparável ao Santo dos Santos, é a cabeça, é o oriente. No coro é colocada a cadeira do Bispo, exatamente ao leste, onde nasce a luz,

No interior da Catedral de Chartres, na nave lateral oeste do transepto sul, há uma pedra retangular incrustada, enviesada ao piso, cuja brancura ressalta nitidamente sobre a cor cinza do restante. Essa pedra está assinalada por uma peça saliente em metal dourado. Cada ano, no solstício de verão, em 21 de junho, se o sol está brilhando, ao meio dia, um raio que filtra de uma abertura no vitral de Santo Apolinário vai atingir essa pedra. Acredito que esta seja a prova definitiva contra os céticos que acreditam ainda que as Catedrais Góticas são simples Igrejas.



Retirado do: http://rosacruzes.blogspot.com
colaboração---Antonio C. M. Pacheco Fº
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