A geografia egípcia
O Egito foi o primeiro povo na terra a criar um Estado nação. Incorporando crenças espirituais e aspirações de seu povo, se estabeleceu como uma teocracia. Com uma cultura extraordinariamente forte, confiante e duradoura, se mantendo por 3000 anos, com pureza de estilo. No antigo Egito – Estado, religião e cultura, formavam uma unidade incontestável.
___________A geografia______________
Impossível conceber a civilização egípcia antiga, sem considerar sua situação geográfica:
o deserto
o rio Nilo
o vale produtivo
Os egípcios se conscientizaram tanto da imobilidade quanto do isolamento nacionais. Achavam ter sempre habitado o vale do Nilo como uma raça diferenciada e que o território com seus desertos circundantes, existira desde a criação. Se enganavam, pois houve uma época que todo o Egito foi habitável. Por volta de 10.000 a.C , as chuvas locais diminuíram aceleradamente, e as pastagens e savanas da planície egípcia se transformaram em deserto.
O Nilo parece ter começado a adquirir seu curso atual há cerca de 10.000 anos. Por muitos milênios, a região desde a Primeira Catarata até Tebas foi um lago, ao passo que grande parte do delta permaneceu alagadiça até a nossa era.
Desde os tempos mais remotos, os egípcios dividiram o país em duas partes:
keme a negra – cultivável e habitável
deshret a vermelha – o deserto
Tal dualismo parece ter sido incorporado pela personalidade egípcia. O próprio país foi visto como dividido em duas metades:
o Vale – Alto Egito
o Delta – Baixo Egito
A configuração geográfica do Egito se completou com suas barreiras externas:
ao sul – as cataratas cortam o país
a oeste – o Deserto líbio
ao leste – o Deserto Oriental, mar Vermelho e o Deserto do Sinaí
ao norte – o Delta
O Nilo – isolado do resto do mundo, o Egito foi dominado pelos ritmos de seu rio. Entre a baixa das águas e a inundação, o volume aquático do Nilo Azul, se eleva em média de 2133 metros cúbicos por segundo para mais de 106.680. Em Elefantina, próximo a Primeira Catarata, e no Velho Cairo, os antigos egípcios estabeleceram os nilômetros – marcos de pedra à margem do rio para registrar e predizer seu comportamento. O Nilo e sua inundação, chamada Hapi, eram venerados como deuses.
Hapi era barbado, com alismas germinando de sua cabeça e seios femininos pendurados em seu corpo, simbolizando a fertilidade.
O ano agrícola começava quando as águas transbordavam, o processo tinha que estar pronto até o fim de maio, quando as águas voltavam a subir. O ano agrícola era constituído de 3 temporadas: 1. inundação 2. semeadura 3. colheita
O Nilo além da fertilidade, proporcionou aos egípcios o transporte, e foi o país da antiguidade com melhor comunicação interna. Construíram barcos de sicômoro, a única árvore que o país produzia em abundância. A indocilidade do rio estimulou a criação e a organização de uma economia de armazenamento.
A emergência do Egito como uma potência civilizada no fim do 4º milênio antes de Cristo – sua "ascensão" como uma cultura incorporada a um Estado e uma economia – foi uma conquista e um processo sobretudo religioso (um dos primeiros centros no Egito a adquirir uma personalidade religiosa definida e a agir como um foco político foi Heliópolis, com o deus-Sol Rá); e foi exatamente o declínio da vitalidade religiosa que levou a cultura egípcia ao colapso nos primeiros séculos da era cristã.
Origem: 'História Ilustrada do Egito Antigo' de Paul Johnson
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